terça-feira, 17 de abril de 2012

Qual foi o meu jeito de amar?

A correria da vida, os compromissos e as preocupações diárias, muitas vezes, nos atropelam e podem nos tirar algo que é muito precioso: nossa espiritualidade.

Mas o que é a espiritualidade? É a sensibilidade para captar o outro lado das coisas, para perceber aquilo que está sempre presente, mas que escapa aos nossos olhos desatentos, distraídos ou desfocados da essencialidade da vida. A espiritualidade nos dá um novo olhar sobre as coisas, sobre as pessoas, sobre a vida. Coloca-nos numa atitude de vigilância para não perdermos o amor como valor fundamental da existência humana.

Muitas vezes, quase sem nos darmos conta, tornamo-nos insensíveis às pessoas, à dor, à aflição humana e pouco nos empenhamos em criar espaços de acolhida concreta, serena e harmoniosa.

Podemos nos perguntar: de onde nasce a espiritualidade?

A espiritualidade nasce de um ser humano faltante. Frequentemente esquecemo-nos que não somos completos e que sempre há algo que falta em nós.

Faltam gestos de amor mais eficazes e duradouros, palavras mais coerentes com as nossas escolhas fundamentais de fé, sentimentos mais profundos que se desdobrem em ações solidárias e em verdadeiro interesse pelo bem do outro, atitudes de tolerância e de respeito pelas diferenças, sensibilidade para colocar-se ao lado das pessoas sem um olhar de condenação ou julgamentos desnecessários e contraditórios.

Somente quando sentimos esta falta em nós é que nos colocamos no caminho da busca. Todos somos seres incompletos, em constante processo de mudança. O desejo de sermos melhores para estarmos acima da materialidade sempre nasce de um coração que percebe seus limites, que sente sua fragilidade, que entende sua condição humana e que encontra, na amizade com Deus, um banho de luz.

O contato com a realidade do outro, por vezes, tão doída e tão faltante em tantos aspectos da vida humana nos frustra, mas também nos humaniza. Educa nosso olhar para não condenar, educa nossos ouvidos para perceber o que não foi dito, disponibiliza nosso coração para amar mais e melhor. Torna-nos melhores porque aperfeiçoa nosso jeito de viver entre as pessoas.

Não podemos perder a oportunidade de aprender com o que a vida nos oferece. “Cargos passam, filhos crescem, amigos se vão, pessoas adoecem, despedidas acontecem, o tempo passa... e, um dia, a vida se ausenta”. Pe. Adriano Zandoná


E, então, no entardecer da vida ouviremos, no silêncio do coração, uma voz que nos dirá: qual foi o seu jeito de amar? Para não ter vivido em vão...

Ir. Deuceli Kwiatkowski

Um comentário:

  1. Deparei-me com a seguinte fala:

    "O contato com a realidade do outro, por vezes, tão doída e tão faltante em tantos aspectos da vida humana nos frustra, mas também nos humaniza."

    Ouso ir mais fundo... o contato com a nossa realidade nos humaniza. É tão difícil olhar para nós mesmos e vermos que a nossa realidade doida e faltante está aí desta forma para que possamos superá-la ou simplesmente passarmos a valorizar o essencial.

    Então, veio o complemento...

    "qual foi o seu jeito de amar? Para não ter vivido em vão..."

    Continuo com minha ousadia afirmando que é preciso amar o essencial, aquele que alimenta nosso espírito e deslumbra nossos sentidos. Como achá-lo?

    Contemplação! Observe mais, ouça mais ou simplesmente sinta mais.

    Parabéns Ir. Deuceli!
    É realmente um lindo texto.

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