sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sim, eu também quero!

“Pelo Reino de Deus e para a salvação dos homens, queres se consagrar a Deus na solidão e no silêncio, na oração contínua, no trabalho humilde, na alegre penitência e no serviço aos irmãos?” E a resposta? “Sim, eu quero!”

Estas palavras amadurecidas no silêncio da contemplação e ditas com voz forte e firme parecem ainda ressoar nos meus ouvidos. Coragem, entrega, confiança, convicção profunda! Um belíssimo diálogo entre um Abade e um jovem que mergulhou profundo para viver com intensidade, gradualidade e verdade um caminho em busca de um Amor Maior.

“Como não amar um AMOR que me amou tanto?” Dizia Santo Agostinho. Como não responder com amor ao AMOR de um Deus que nos abraça com sua misericórdia? Como não aceitar perseguir um ideal alto de amor que nos faz criaturas novas, com novo olhar, novos pensamentos, novo coração?

Nascemos para dar certo, para encontrar amigos, para amar e ser amados, para viver uma vida digna... mas, muitas vezes, isso não acontece. Pegamos atalhos na trajetória da vida e andamos por caminhos errados, desnorteados, perdidos, vivendo experiências vazias e mesquinhas, trocando o verbo amar por usar e, assim, seguimos o curso da vida entre tropeços e quedas, semeando desilusões e colhendo tristezas porque simplesmente não soubemos amar da forma certa.

Mas, um dia, também nós fomos surpreendidos por um encontro que nos deixou sem palavras: fomos encontrados pelo olhar de um Deus que nos resgatou de uma forma que se tornou impossível dizer “não”, mas, “Sim, eu quero!”

Quero ser alcançado por um amor MAIOR e não por um amor que apenas usa e depois descarta o outro. Quero um amor verdadeiro que vive de gratuidade, de sacrifício de si, de perdão e de respeito pelo outro. Quero um amor diferente de todos os outros amores, um amor que sempre escolhe o bem.

Quero um amor que muda meu jeito de viver, de ser e de agir porque quero amar de um jeito diferente, simples e autêntico. Quero um amor que me faça olhar o mundo com os olhos cheios de ternura, sem julgamentos, nem condenações mesquinhas. Quero um amor que me ensine a silenciar para ouvir as próprias batidas do coração e seguir o caminho que Deus preparou para mim. Quero poder dizer sempre, com fé e confiança no Senhor: “Sim, eu também quero! Eu quero este Amor!”

“Quero viver o Amor Maior, nunca para querer ser melhor do que o outro, mas para ser melhor para o outro”. Adriano Gonçalves

Esta é a verdade da vida! Quando encontramos este Amor Maior que é o amor de Deus, tudo se reveste de um novo sentido. Existe luz e verdade! Deixamos muitas coisas para trás, tornamo-nos melhores e já não conseguimos mais aceitar que Deus não faça parte de todas as circunstâncias de nossa vida.

Ir. Deuceli Kwiatkowski

sábado, 21 de julho de 2012

Sou eu!

Num final de tarde, os discípulos subiram numa barca para atravessar o lago rumo a Cafarnaum.

Já estava escuro e Jesus ainda não estava com eles. O mar se agitava e eles ficaram por conta das ondas fortes, dos ventos contrários. Era inútil remar (Jo 6,16-21).

Estavam cheios de medo, quando ouviram: “Sou eu” (Jo 6,20). Esta é a palavra cheia de autoridade, segura e forte que o nosso coração espera.

Precisamos ouvir esta afirmação todos os dias, dentro de todas as circunstâncias, dentro de toda a realidade em que vivemos. Se somos alcançados por Jesus, os ventos e as ondas, em meios às quais estamos se acalmam. Não se acalmam porque as circunstâncias mudam, mas porque o nosso coração não fica mais ao sabor das ondas. “Dar a paz ao nosso coração é um milagre maior ainda, mais poderoso do que acalmar os ventos e as ondas”. Pe. Michele Berchi

“Sou eu, não temais!” A vida é como um imenso mar. Ora calmo, sereno e suave; ora agitado e ameaçador. Por vezes, sentimos medo e, em nossa insegurança, ele se hospeda em nosso coração. É o medo da realidade que não podemos controlar, da realidade que percebemos ameaçadora, o medo de não conseguirmos realizar algo, o medo de que tudo seja apenas uma ilusão, o medo de não conseguirmos resistir, o medo em relação à educação dos filhos, aos amigos, ao trabalho, o medo de toda realidade.

Se Jesus não estiver presente em nossa realidade, o medo não passará e nada poderá nos devolver a paz e a serenidade. Viveremos como crianças assustadas e inseguras tentando encontrar apoio nas pessoas. 

É preciso querer que Ele esteja em nossa vida, que Ele viva conosco e nos acalme nas tempestades. É preciso querer que Ele suba a bordo conosco para não nos deixar sozinhos na trajetória da vida. Querer, esta é a nossa única tarefa.

Seria certamente insuportável tentar atravessar o mar da vida sem a certeza de que Jesus está conosco e nos diz em cada dia: “Sou eu! Nada temas! Vamos atravessar juntos!”


Ir. Deuceli Kwiatkowski

domingo, 1 de julho de 2012

O amor é tudo!

Vivemos tempos difíceis. Caminhamos na fé e não na visão clara. Mas todos podemos ser uma luz na escuridão. Uma luz de amor! Por isso, Santo Agostinho (354 - 430 d.C.) diz:

“Se ficarem em silêncio, façam um silêncio de amor. Se confessarem, confessem com amor. Se ensinarem, ensinem com amor. Se perdoarem, perdoem com amor. Deixem o amor entrar em vocês. Somente o Bem pode nascer dessa origem. Amem, amem com vontade.

O Amor resiste na adversidade. Mostra prudência na prosperidade. É forte no sofrimento. Alegra-se com boas novas. Está acima da tentação. Ele é generoso na hospitalidade. Agradável entre verdadeiros irmãos. Paciente com a falta de fé.

Este é o espírito dos livros sagrados. A virtude da profecia. A Salvação dos mistérios. A força do conhecimento. A generosidade da fé. A riqueza para os pobres. A vida aos moribundos. O AMOR É TUDO!”

O que mais se pode dizer quando estas palavras, cheias de verdade, chegam aos nossos ouvidos e nos lembram o mandamento do Amor? Não há como negar. O amor está acima de tudo e abrange tudo. Ele nos envolve e dá sentido a tudo porque nos introduz numa nova dinâmica que supera o egoísmo, a ambição, a mesquinhez. Mesmo toda a riqueza do mundo, se não for partilhada, perde o seu valor.

“Nós cremos no amor de Deus! Desse modo, viver o amor é fazer entrar a luz de Deus no mundo! Quem quer dar amor deve ele mesmo recebê-lo como dom. Para encontrar esse amor, é preciso beber na fonte primeira e originária que é Jesus Cristo, de cujo coração transpassado brota o amor de Deus. Bento XVI

“Deus é amor” (1 Jo 4,8). Esta é a verdade que precisa ser contemplada por nós com um olhar duradouro, sem pressa. É neste olhar, silencioso e contemplativo, que encontraremos o caminho do próprio viver e amar. Deus nos amou primeiro e continua a nos amar. Por isso, podemos responder com o amor. Um coração que diz amar a Deus não pode não amar o irmão, porque um não existe sem o outro. São inseparáveis.

Ir. Deuceli Kwiatkowski