sábado, 5 de julho de 2014

Um olhar teologal

Muitas vezes, o presente mais precioso é um olhar diferente!

Quantas vezes, em nossos dias tão corridos e decepcionantes, não desejamos este olhar? Apenas um olhar diferente! Um olhar bom, poderíamos dizer. Um olhar que nos acolha, que nos ame do jeito que somos ou estamos, que nos aceite em nossas fraquezas e limites, sem nos condenar. Um olhar que brote dos sentimentos mais verdadeiros e puros, um olhar que nos devolva a nós mesmos.

Mas qual é o meu jeito de olhar? Que olhar eu tenho? Um olhar econômico? Sociológico? Histórico? Filosófico? Psicológico? Como eu olho para as pessoas, para mim mesmo, para a vida?

O olhar depende dos sentimentos que temos enquanto falamos, mas muito mais do que cremos e vivemos habitualmente e que constituem o nosso estado de espírito. Cada um de nós tem um modo muito pessoal de ver e sentir a vida, as dificuldades, as pessoas, o mundo, e de reagir. O contato com a realidade daquilo que é diferente de nós produz determinadas reações que se transformam em emoções e isso nos torna únicos.

Nosso olhar será tanto mais profundo quanto mais for verdadeiro. Habituemo-nos a olhar as pessoas nos olhos; um olhar afetuoso que não intimide e não se sinta intimidado, entre iguais.

Mas qual é o olhar mais fundamental? É o olhar teologal. Olhar com o olhar de Deus! Olhar com os olhos da fé, da esperança e da caridade. Isso faz toda a diferença na forma como assumimos a realidade da vida. Deveríamos pôr-nos diante de Deus com mais frequência, deixando os olhos, os dele e os nossos, se falarem silenciosamente. Assim aprenderíamos bem essa linguagem, compreendida por todos.

Quem não compreende um olhar de amor? Quem não compreende um olhar de esperança? Quem não compreende um olhar de fé?

O primeiro testemunho, em muitos casos o único que é observado e no qual é possível acreditar, parte daqui, da qualidade de nossa humanidade.

Que nosso olhar não seja um olhar qualquer, vazio, sem palavras, mas um olhar que eleve e que reforce o convite de Jesus para buscarmos águas mais profundas. Se nosso olhar estiver fixo em Jesus, Ele passará a olhar com nossos olhos e aí será verdadeiramente um olhar teologal.


Ir. Deuceli Kwiatkowski