quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Conviver bem!

Olhamos para os lados e, dia após dia, vemos tantas calamidades públicas ou privadas, que tentam tirar a esperança no ser humano já tão abalada em nossos tempos.

Alguns passos para frente e outros tantos para trás. Levamos sustos, ouvimos opiniões, ficamos pensativos, trocamos ideias, silenciamos por vezes em busca de respostas e continuamos concluindo que conviver continua sendo o grande desafio de todos os tempos.

“Trigo e joio” juntos, uma parábola ensinada por Jesus, tão atual e válida para os nossos dias; tão penosa e desafiante em suas implicações. Conviver nunca foi fácil e nunca será porque o ser humano tantas vezes é movido pela intolerância, pelo desejo de vingança, pelo desrespeito à vida, pelo comodismo, pelo egoísmo. Além disso, vivemos atropelados pelo trabalho, pela busca da sobrevivência, pelo desejo de aparecer, pela impaciência da espera, pela ilusão da vida e nos damos conta de que se torna uma luta desigual, como entre Davi e Golias. Por isso, milhares de pessoas desistem de viver e criam assim situações de desespero e de morte.

Saber viver bem com os outros, consigo mesmo e com o mundo significa saber superar os conflitos, erguer os olhos e contribuir para retomar o diálogo, ser misericordioso, semear a alegria de estar junto nesta convivência.  Significa sair dos horizontes conhecidos para ir em busca de verdadeiros encontros que tornam-se oportunidades para transformar os olhares e os gestos. Só quem se atreve a sair da superficialidade consegue chegar aos encontros fecundos.

Mesmo transitando em meio a tantas desesperanças, são muitas as pessoas cujas vidas ganham em seriedade, em profundidade, em compaixão e em alegria autêntica ao fazer esse caminho de saída de si mesmo. São muitas as pessoas que, em contato com vidas e histórias diferentes e reais, compreendem melhor suas vidas e sua responsabilidade.

A vida pede de todos nós uma atitude de abertura e de deslocamento frente ao outro, o que significa colocar-se em seu lugar, deixar-se questionar e desinstalar por ele. Nosso desafio não é fugir da realidade, mas aproximarmo-nos dela com todos os sentidos bem abertos para olhar e contemplar, escutar e acolher, percebendo no mais profundo da mesma a presença ativa do Deus que nos ama com criatividade infinita, para encontrar-nos com Ele e darmos sentido à nossa existência enquanto estivermos neste mundo.


Ir. Deuceli Kwiatkowski