terça-feira, 4 de março de 2014

Ensinar é lançar sementes!

Interessante é perceber que a evolução humana se dá no contato com o outro. Mas para que isso aconteça é preciso construir memória formada a partir da repetição. A criança precisa repetir para assimilar. Quantas vezes repetimos às nossas crianças as mesmas palavras? “Estude! Não veja televisão tão de perto. Coloque um agasalho! Respeite seus avós. Seja um bom aluno!” etc, etc.

A repetição é necessária para o aprendizado, para a assimilação, para a compreensão, para a internalização. Não ter memória significa não reter conhecimento. E se não apreendermos, não há evolução. Seria como se cada ser humano voltasse à “estaca zero” sempre. Se não tivermos um conhecimento anterior, não seremos capazes de discernir entre o bem e o mal. Dessa forma, perderemos a consciência, voltaremos à ingenuidade, não infantil, mas ignorante.

Para educarmos um povo é preciso construir sua memória. Memória para cultivarmos valores éticos, humanos, cristãos que devem ser transmitidos às crianças e jovens e insistentemente relembrados aos adultos. Infelizmente esquecemos tão facilmente aquilo que exige mais de nós.

Mas o que é ser ético? É saber respeitar o outro. E o que é um valor? É algo que deve ter um conceito social. É preciso que o grupo o reconheça como tal. Quando se tem uma nota de 100 reais, por exemplo, não importa se está velha ou nova, amassada ou não, o seu valor será o mesmo. Da mesma maneira, o pudor, a bondade, a ética, a verdade, a dignidade e a honestidade são considerados bons valores e devem ser reconhecidos por todo um grupo da mesma forma e não só por parte deste grupo. O valor é para todos.

É possível que a solidariedade, a justiça, a dignidade, a lealdade, a generosidade e o respeito sejam valores ruins, ultrapassados, que não servem mais para os dias de hoje? Existem momentos em que devemos ser bons e outros em que devemos ser maus? Um valor não pode perder-se, não pode ser alterado, pois a essência de “ser valor” é a identidade com aquilo que ele é. Não há mudança. Um valor será valor sempre.

Dar valor é conhecer a verdade, entender as diferenças, discernir o bem e o mal, valorizar o que é útil para todos: a liberdade e a felicidade. O conhecimento da verdade tem que ser a ferramenta para a liberdade coletiva e não apenas para alguns.

E isso é exercer a verdadeira felicidade, pois apenas sou feliz quando abro possibilidade para a felicidade do outro. A minha liberdade ou a minha felicidade não acaba quando começa a do outro, mas termina quando acaba a do outro.

Conhecimento é transmissão. Os mais velhos são o húmus da terra. Eles a fertilizam. Quando ensinam, lançam sementes para os mais jovens. Vivamos assim!


Ir. Deuceli Kwiatkowski