sábado, 31 de março de 2012

O que não pode faltar!

Com o correr dos anos a vida vai nos ajudando a compreender tantas coisas que enquanto somos muito jovens não conseguimos ver, entender, valorizar.

Sem dúvida, a experiência traz mais luz e mais alívio à vida, torna-nos mais maduros, ponderados e sensatos em nossas decisões. Já não saímos por aí de qualquer maneira sem pensar nas possibilidades, nos contratempos, nas consequências de nossas atitudes. Pensamos mais antes de agir porque sabemos que podemos construir ou destruir, unir ou afastar, trazer a paz ou a guerra.

Tornamo-nos mais sábios porque podemos aprender a cada dia, podemos rever nossas atitudes sem medo de reconhecer que erramos e, num gesto simples de humildade, pedir perdão, desculpar-nos, recomeçar. Assim, nossas imperfeições já não estão contra nós, mas a nosso favor porque podemos nos exercitar no caminho da virtude. Já não temos mais medo de dizer que somos frágeis, que precisamos de ajuda, de consolo, de amor, de presenças significativas.

Quanto mais os dias avançam mais percebemos o valor de cada palavra falada, dos ouvidos emprestados, dos gestos de amor e carinho dedicados, do abraço experimentado, dos amigos cultivados. Fazer os outros felizes nos deixa felizes. É algo maravilhoso poder compreender o que o outro precisa e ir ao seu encontro.

Aos poucos, vamos criando uma listinha de coisas essenciais que não podemos abrir mão. Custe o que custar, não podem faltar, senão falta a alegria, a serenidade, a paz.

Jamais podemos nos esquecer que o essencial é invisível aos olhos. Amar é escolher o essencial! Isto é verdadeiramente o que sustenta nossa vida porque “quem ama não abandona, quem ama não esquece, quem ama não trai, quem ama não nos deixa de lado” Pe. Fábio de Mello.

Façamos a nossa lista e coloquemos nela somente aquilo que pudermos levar ao partir. Com esta lista nas mãos e, sobretudo, no coração descobriremos um jeito bonito de amar, de estar com as pessoas, de viver neste mundo.


Ir. Deuceli Kwiatkowski

quinta-feira, 29 de março de 2012

Aos pés de Cristo!

Estar com as pessoas é uma das experiências mais lindas que a vida nos oferece. É uma troca maravilhosa de conhecimentos, de ideias, de vida. Emprestamo-nos nossos ouvidos, nossa voz, nosso olhar, nossos gestos, nosso coração atento e, nesta sintonia, o outro já começa a viver em nós.

Muitas vezes conversamos horas sobre os dias em que nem o sol brilha nem a chuva cai, sobre a esperança de dias melhores ou sobre a miséria humana, sobre as crises mundiais ou sobre as novas descobertas científicas que trazem alívio a milhares de pessoas. As palavras e as frases entrelaçam-se e, aos poucos, produzem um texto da vida real.

É incrível como as palavras ficam em nós! Elas vêm carregadas com tanto significado, rodeiam-nos a mente e o coração e permanecem o tempo necessário para que algo de novo desperte em nós, transforme-nos e amplie nosso mundo.

Há alguns dias, conversando com um amigo, num destes momentos bons da vida, ele me disse que, embora tenha nascido e vivido a maior parte de sua vida no Rio, nunca foi ao Cristo Redentor, monumento mundialmente conhecido e belo cartão postal desta cidade! Quase inacreditável que alguém aqui não tenha subido o Morro do Corcovado para parar, ficar em silêncio e contemplar o que as palavras não conseguem dizer porque lá do alto, a 709 metros acima do nível do mar, o que se vê é realmente algo fascinante!

Fiquei inquieta e perguntei-lhe o porquê. Ele, então, me disse com tanta simplicidade e verdade: “Nunca me senti digno de estar aos seus pés”. Imediatamente pensei: “Mas eu também não sou digna! Quem seria digno de estar ali aos pés de Cristo?”


Estas palavras não me deixaram em paz e, por algum tempo, muitos pensamentos vieram à minha mente. Pensei na miséria humana, mas também nos braços abertos e incansáveis daquele que nos acolhe em todos os momentos e não nos condena; pensei no seu imenso coração que nos ama incondicionalmente apesar de nossa indiferença e frieza; pensei na mulher pecadora que se lançou aos pés de Jesus para ungi-los com perfume e beijá-los, profundamente arrependida de seus muitos pecados; pensei no coração de Cristo, Redentor do coração humano.

Muitas vezes já estive aos pés de Cristo! Senti-me, sim, tão pequenina diante daquela estátua incrível de 38m de altura a abençoar a cidade do Rio de Janeiro. Mas nunca me senti desencorajada a estar ali porque é exatamente aos pés de Cristo que precisamos ficar se queremos ter uma nova visão.

“Deus não se impõe! Sua presença suave chega até o mais profundo de nosso ser”. Quando compreendermos isto, ficar aos pés de Cristo não será uma questão de sermos dignos ou não, porque verdadeiramente ninguém mereceria, mas será inexplicavelmente uma necessidade de estarmos aos seus pés para entendermos o que não percebemos na vida comum.

Se permanecermos na planície e não tivermos a coragem de subirmos a montanha para estarmos com ele, talvez percamos a bela oportunidade de descansarmos à sua sombra para serenamente vermos algo novo. Só quem faz a experiência de estar aos pés de Cristo de todo coração encontra paz, refúgio e vigor e já não se sentirá indigno de estar ali porque seus braços estão sempre abertos para acolher e seu coração sempre pronto para amar. Deus não põe limites ao seu amor porque ele não pode não nos amar!

Ir. Deuceli Kwiatkowski

sábado, 24 de março de 2012

A bela experiência do encontro!

Ao longo da vida fazemos muitas experiências, mas a mais bela experiência é a do encontro porque ninguém vive sozinho.

Há encontros dolorosos que nos deixam doídos por dentro porque a expressão de aflição, preocupação e infelicidade no rosto de alguém nos comove profundamente. Somos parte da humanidade e a dor do outro nos recorda quem somos. Por isso, não podemos perder o chão da realidade que nos assemelha a todos.

Há também encontros que são dons maravilhosos. Encontramos amigos que trazem consigo o renascimento de um tempo passado que ganha novo vigor e significado pelas palavras, lembranças, fatos.

Encontramos pessoas que, embora nunca mais as tenhamos visto, deixaram algo em nós. Acenderam uma pequenina luz no caminho e nos incentivaram a estender as mãos, a suportar a dor, a não desistir diante das incompreensões, a pensar antes de reagir, a ser tolerantes. Destilaram sabedoria!

Encontramos também aqueles que já desistiram de viver e por onde passam espalham a amargura de uma vida cheia de escolhas erradas. E, mesmo assim, acontece um encontro. Encontramo-nos com um jeito de viver que não queremos para nós.

Mas, sobretudo, existe um encontro que é quase como um chamado, um convite. Este encontro nos abre para um novo modo de ser, de agir, de viver neste mundo. Ele nos situa de novo e, na hora oportuna, é como um apelo que não nos surpreende surdos, mas encontra-nos mais vigilantes do que nunca porque não nos apanha de improviso, não nos aparece como um estranho e desconhecido a quem se pode abrir ou trancar, mas vem de dentro de cada um, é a resposta a uma exigência que se tornou muito intensa e insistente, a uma necessidade e a uma ânsia que habitam o nosso ser.

Não podemos negar nossa essência. Nascemos para realizar o encontro mais importante de nossa vida que é o encontro com Deus. Pode ter sido perto de um lago, junto a uma árvore, num momento de sofrimento ou de felicidade, no trabalho ou na oração. Não importa! Porque longe de ser inexpressivo, ele significa mais do que possamos dizer ou imaginar. Somente a partir deste encontro único e pessoal, poderemos viver a alegria verdadeira de outros encontros porque tudo o mais ganhará novo sentido.


Ir. Deuceli Kwiatkowski

segunda-feira, 19 de março de 2012

O que toca o coração!

Jesus já estava em Jerusalém e os dias da Páscoa se aproximavam. A cidade estava cheia de peregrinos de diversos lugares como acontecia sempre nesta época. Todos se dirigiam ao Templo para cumprir os rituais, assim como, Jesus e os seus discípulos.

Ao chegar no templo, Jesus sentou-se na praça interna, próximo ao cofre onde o povo costumava fazer suas ofertas anuais. Muitas pessoas chegavam a todo momento e altas quantias eram depositadas para o tesouro.

No meio de toda aquela agitação, Jesus permaneceu ali, em silêncio, apenas observando o movimento das pessoas, as reações, os olhares, e, sobretudo, o coração. De repente, seu olhar foi atraído para uma simples mulher maltrapilha. Ela parecia não ter nada a oferecer. Então, pouco a pouco, com um olhar sereno e tranquilo, ela se aproximou do cofre e, de suas mãos, caíram não mais do que duas pequenas moedas. Era tudo o que tinha!

O Mestre, tocado profundamente pelo gesto daquela pobre mulher, chamou rapidamente os seus discípulos e lhes disse: “Quereis saber de uma coisa? Olhai para esta mulher. Foi ela que fez a oferta mais generosa porque todos deram do seu supérfluo, enquanto ela, tão pobre, deu tudo o que tinha, todo dinheiro que lhe restava para viver” (Lc 12,41-44).


Jesus não ficou na aparência simplesmente, mas foi até o mais profundo daquele coração vestido de trapos e nada mais. A generosidade daquela pobre mulher tocou o coração do Mestre de Nazaré. Talvez uma das poucas alegrias que Jesus teve naqueles dias em Jerusalém, antes do cumprimento da sua Missão entre os homens.

Mais do que pelas palavras que diariamente ouvimos, somos tocados pelos gestos de amor que chegam ao nosso coração na simplicidade, na verdade, na gratuidade. Basta um sorriso de uma criança, um bom dia falado com entusiasmo, um telefonema amigo, uma visita fraterna para fazer alguém sentir-se amado e querido.

Pequenos gestos de amor têm o poder incrível de aproximar pessoas, de devolver a serenidade e a paz na dor, de alegrar o dia de alguém, de curar corações magoados, de recuperar o ânimo abatido, de despertar novos gestos de amor, de trazer alguém novamente à luz. Ninguém resiste ao amor porque nascemos para amar e ser amados. Somente quem ama de verdade chega ao coração do outro.

A cada dia que passa, vamos nos convencendo de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nos gestos egoístas que praticamos, na solidariedade que não vivemos.

Lembremo-nos sempre: o essencial faz a vida valer a pena! E o essencial é amar porque quem ama é feliz!


Ir. Deuceli Kwiatkowski

sábado, 17 de março de 2012

Conectados a Deus!

Sem dúvida, a globalização trouxe inúmeros benefícios às pessoas. Com extrema facilidade temos acesso ilimitado a outras culturas e a tudo aquilo que está acontecendo ao redor do mundo. São milhares as possibilidades de conexões, em tempo real, que nos deixam atualizados cotidianamente.

Mas o ser humano não vive somente de informações e conexões externas. Não foi criado para viver conectado a uma máquina e viver sozinho. Esta é a terrível contradição dos nossos tempos. Comunica-se tanto, está em todas as redes sociais com mais de cem, duzentos, trezentos contatos, e continua sentindo-se só, sem amigos de verdade, com medo dos ajustes ou das inevitáveis tempestades da vida, fazendo de conta que está vivendo. O que falta?

Augusto Cury, grande pensador da vida, nos diz: “É raríssimo observarmos uma criança crescendo em sabedoria nas sociedades modernas, ou seja, aprendendo a pensar antes de reagir, a lidar com as perdas com maturidade, a ser solidária, tolerante, a enfrentar com dignidade suas dificuldades. Elas crescem falando línguas, usando computadores, praticando esportes, mas não destilando sabedoria”.

Nunca como em nossos tempos, nossos jovens, crianças e adultos vivem o vazio de uma vida que lhes apresenta tantas facilidades, mas que, ao mesmo tempo, deixa o sentimento de algo que falta. Buscam desesperadamente coisas que os façam felizes, constroem castelos na areia que, ao menor vento, se desfazem. Então, voltam ao lugar de antes, piores porque desiludidos com o amor, magoados com as pessoas, acabrunhados pela dor das perdas, inconsolados pelas despedidas, traídos pelas próprias escolhas.

Há quem passe horas conectado com pessoas que nunca viu na vida e não consegue sequer conversar com seus pais e olhar nos olhos. Relacionar-se através de uma máquina é razoavelmente fácil. Basta ter um bom papo e você mantém uma conversa por um longo tempo, sem compromisso algum com quem está do outro lado.

Mas isto não basta! Não existe relacionamento sem diálogo, sem perdão, sem contato, sem estar junto. A vida é uma fascinante conexão! Quando estamos conectados à verdadeira fonte que é Deus, tudo adquire um novo significado porque ele é o único que pode iluminar verdadeiramente a vida e conferir aos nossos dias um sentido pleno de realização. Se permanecermos conectados à fonte divina, aperfeiçoaremos sempre nossa capacidade de refletir e interpretar a vida que vivemos.

Lembremos sempre que a nossa felicidade nesta vida depende da qualidade de nossas conexões diárias.


Ir. Deuceli Kwiatkowski

quinta-feira, 15 de março de 2012

Um bom dia!

Quando abrimos nossos olhos pela manhã, temos a impressão de estarmos iniciando apenas mais um dia de nossa vida, como tantos outros. Mas se pensarmos mais profundamente nesta realidade, veremos que não é apenas outro dia, mas é o único dia que nos é dado hoje. É dado a nós, um dom fascinante e incrível. É o único dom que temos aqui e agora; e a única resposta apropriada é a gratidão.

Basta viver o dia! Pela manhã, comecemos abrindo os olhos e sintamo-nos privilegiados em ter olhos para poder abrir e ver um novo amanhecer ou a chuva que cai. Olhos para ver o rosto das pessoas porque cada um tem uma história incrível por trás do próprio rosto: seu horizonte de sentido, pessoas, coisas, valores, ideias. Cada um traz o alicerce que o faz ser o que é.

Quantas coisas ainda nos facilitam a vida neste tempo em que vivemos! Recebemos dons maravilhosos que a civilização nos dá. É só apertar o interruptor e eis a luz elétrica que nos abre para mil possibilidades; é só abrir a torneira e, dentro da nossa casa, sai água quente, fria ou potável; é só ir ao mercado e temos à nossa disposição os mais variados tipos de alimentos. Temos até a sensação de que as distâncias quase não existem mais. Inúmeros são os dons que temos hoje a nosso favor e que milhões de pessoas no mundo nunca experimentaram.

Se pudéssemos voltar atrás e parar o tempo, certamente nossos dias seriam mais agradáveis e bem vividos. Estaríamos mais dispostos a gastar menos tempo com coisas para poder amar mais as pessoas, a olhar mais para o céu para ter olhos de esperança, a brincar mais com as crianças para aprender com elas a descomplicar a vida, a estar mais com nossos pais porque eles merecem todo o nosso amor, a investir mais em nosso jeito de ser e de agir para sermos pessoas mais felizes.

A vida é muito mais do que nossos olhos podem ver. Ela se renova em cada amanhecer e nos apresenta o novo dia como uma grande surpresa. Não sabemos o que viveremos ou quem encontraremos, se vamos sorrir ou chorar, se teremos oportunidades para amar e perdoar. Na verdade cada dia chega até nós como uma possibilidade única de vivermos bem nossa jornada em comunhão com a vida, com Deus, com os outros e conosco mesmos.

Se estivermos correspondendo a este dom diário, estaremos certamente encontrando o jeito certo de ser feliz.

Assim, cada um que nos encontrar que seja abençoado por nós, pelo nosso olhar, pelo nosso sorriso, pelo nosso toque ou apenas pela nossa presença serena e verdadeira. Que a gratidão transborde em bênçãos ao nosso redor, e então será, de verdade, um bom dia!

Ir. Deuceli Kwiatkowski

segunda-feira, 12 de março de 2012

Juntos na mesma estrada!


Antes de dar início à sua missão, Jesus quis reunir alguns jovens galileus para estarem com ele. 

Queria propor-lhes um itinerário de formação, torná-los discípulos e semeadores de um Reino que floresceria abundantemente por todo o mundo. Mas eles jamais imaginaram que seriam surpreendidos por uma proposta arrebatadora. 

Como poderíamos descrever o que se passou no coração de Pedro e André à beira do lago, de Tiago e João ou de Levi, o cobrador de impostos?

Era uma presença inesperada que correspondia evidentemente ao desejo de verdade, de justiça, de amor que constituía a humanidade simples e não presunçosa. Eram pescadores, homens simples acostumados com a luta diária. Mas bastou um olhar de Jesus para deixarem tudo e seguirem o mestre de Nazaré.

Desde então, mesmo traindo-o e entendendo-o mal mil vezes, não o abandonariam mais. Tornaram-se amigos e caminharam juntos na mesma estrada.

Jesus gostava de estar com seus amigos. Não perdia a oportunidade de comunicar-lhes as verdades essenciais da vida. Um dia, enquanto rezavam, Jesus fez uma pergunta surpreendente a eles: “Quem dizem que eu sou?” Rapidamente muitas respostas surgiram porque tinham ouvido tantas coisas a respeito do mestre. Mas Jesus insiste mais uma vez: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Lc 9,18-22). Pedro tomando a palavra disse com toda a força: “Tu és o Cristo de Deus”.


Estavam já há três anos na companhia do Mestre, bebendo de uma fonte inesgotável e fascinante, mas quem era Jesus para eles? Que sentido davam à palavra Messias? Será que o reconheciam como Filho de Deus?

Embora cada dia que os doze passavam com Jesus fosse pleno de um sentimento de proximidade de Deus, o significado deste mistério continuava ainda obscuro para eles. Difícil era ultrapassar a humanidade e vê-lo na sua divindade. Era humano demais, mas era um homem sem igual.

Mas o tempo de Deus chegou para eles. Seus corações abriram-se, suas mentes iluminaram-se e a certeza absoluta de que Deus estava entre os homens e tinha manifestado a sua glória, tornou-se testemunho vivo. Ninguém no mundo poderia tirar destes homens a fé em Jesus Cristo, Filho de Deus. Creram e viveram pelo Evangelho e, como o Mestre, entregaram a própria vida.

Hoje, somos nós seus discípulos amados. Em algum momento ou lugar fomos encontrados pelo Mestre e ele não nos deixou mais. Suas palavras fazem sentido em nossa vida e já não sabemos mais viver sem beber desta fonte. Por isso, a pergunta feita àqueles jovens galileus há mais de dois mil anos se repete hoje. Há tanto tempo nós já o conhecemos! Pode ser que por três bons anos ou dez, vinte, trinta ou cinquenta, não importa. Importante é que saibamos responder a pergunta de Jesus no silêncio de nosso coração e na verdade de nossa alma: Afinal, quem sou eu para você?

Ir. Deuceli Kwiatkowski

domingo, 11 de março de 2012

Um lugar para ficar!

Normalmente nosso dia a dia é sempre cheio de muitas coisas para fazer. Nosso tempo é dividido em muitos momentos: trabalhamos e sentimo-nos felizes por sermos capazes de prover o sustento da vida; encontramos amigos verdadeiros que compartilham alegrias, sonhos e preocupações; conectamo-nos com o mundo e recebemos uma quantidade imensa de informações e imagens que nos dão acesso a muitas realidades. Assim nossos dias são preenchidos e a vida segue sua normalidade.

A vida é um grande dom, disso não temos dúvida. Contudo, precisamos saber viver para não corrermos o risco de nos sentirmos sufocados em meio a toda essa diversidade ou nos tornarmos pessoas superficiais que invertem o valor de tudo e depois vivem o amargo das próprias escolhas.

Fixemo-nos em Jesus. Ele viveu intensamente seus dias como ninguém. Enquanto esteve entre os homens, ensinou incansavelmente que pessoas têm mais valor que coisas, que relacionamentos são alimentados pelo diálogo, que quem ama encontra tempo para aqueles que realmente são importantes, que a vida é uma constante luta e que sofrimento e dor fazem parte da existência humana.

Mas Jesus sabia que em meio a tanto investimento de tempo para os outros precisava também de um lugar para ficar sozinho, sem ninguém por perto. Precisava ficar a sós porque o silêncio recompõe. Precisava conversar com o Pai de onde vinha toda força de sua missão. Este era o seu tempo.

Também nós sentimos a necessidade de encontrar um lugar para simplesmente ficar, em silêncio, longe de tudo e de todos. Pode ser no quarto ou andando pelo jardim, sentado embaixo de uma árvore ou contemplando uma flor ou o pôr do sol. A certeza é que este momento nos refaz, nos acalma e nos ajuda a olhar para dentro de nós mesmos.

Temos necessidade de encontrar Deus, mas não podemos encontrá-lo no barulho, nem na agitação. Olhemos para a natureza, para as flores, para as árvores, crescem em profundo silêncio. Olhemos para as estrelas, para os astros, eles se deslocam em silêncio.

Quanto mais recebermos em nossa oração silenciosa, mais podemos dar em nossa vida ativa. O silêncio nos dá um olhar novo, um ouvido mais atento, transforma-nos em uma presença mais significativa para estar com as pessoas e amá-las de verdade.

Temos necessidade do silêncio para afinar a alma e tocar os corações porque o essencial não é o que dizemos, mas o que Deus diz através de nós.

Se, aos poucos, entendermos que a oração é a ação mais produtiva do ser humano porque nos torna pessoas melhores, sem dúvida, nossos dias terão mais significado. E, então, compreenderemos que “amar é escolher o essencial; é dizer o que se deve; é escutar a quem se deve escutar; é estar ao lado de quem necessita de nossa presença; é fazer o que é preciso” Pe. Adriano Zandoná.
Ir. Deuceli Kwiatkowski

quinta-feira, 8 de março de 2012

Jesus, um Mestre diferente!

Um mistério cativante, um encanto inexplicável criavam ao redor dele uma atmosfera de amor, de alegria, de fé. Mas não foram poucas as vezes que os discípulos, estando ao seu lado, sentiam-se invadidos por um sentimento de sagrado temor, quase um medo diante do mistério. Era um homem verdadeiramente diferente!

Por amor à liberdade, Cristo se encerrou silenciosamente num corpo humano e nos dias de sua vida terrestre, tornou-se “inferior ao Pai”; precisou de alimento e repouso, viveu em si todo o sofrimento do mundo. Tornou-se carpinteiro de uma cidadezinha de província, cercado por gente simples que trazia marcas de sua ignorância e pecado; passou os seus dias na companhia de pobres, excluídos, pecadores e leprosos.

Os evangelistas o descrevem como uma pessoa profundamente humana. Muitos viram lágrimas em seus olhos, viram-no sofrer, maravilhar-se, alegrar-se, abraçar as crianças, admirar as flores, orar em silêncio.

Suas palavras eram cheias de misericórdia pelas fraquezas humanas. Não condenava os pecadores, herdeiros de muitos erros do ambiente de onde provinham, mas ajudava-os a recomeçar e a andar por caminhos novos. Ele sabia falar com ternura e delicadeza, com firmeza e suavidade; suas palavras tocavam os corações e a fé renascia.

Quando falava de coisas extraordinárias ou instigava alguém a praticar atos difíceis e ousados, era sem falsos ímpetos, mas com serenidade e sensatez. Quando falava de lutas e provações, dava ao mesmo tempo a todos a luz, abençoava e transfigurava a vida.

Jesus jamais procurou encantar o povo com manifestações evidentes de sua grandeza. Fez-se pequeno para a mentalidade “deste mundo” e, desta forma, manteve intacta a liberdade dos homens. Jesus não procurava servos, mas filhos, ou melhor amigos e irmãos que tivessem por ele um amor desinteressado e o seguissem apesar de ser desprezado e rejeitado por muitos.

Se o Messias tivesse se manifestado como alguém cheio de glória, se ninguém pudesse resistir ao seu fulgor, a adesão dos homens teria sido obrigada. Mas Cristo ensinava algo bem diferente: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Era assim que o mestre da vida agia.

Enquanto andava pelas estradas da Palestina, Jesus não abandonou o mundo, não escondeu dele os tesouros do espírito, mas os distribuiu com generosidade a todos aqueles que desejaram encontrar-se verdadeiramente com ele.

Ir. Deuceli Kwiatkowski

quarta-feira, 7 de março de 2012

A mulher adúltera: o amor venceu!

Uma das cenas mais comoventes relatada nos Evangelhos toca profundamente a realidade humana.

Depois de ter vivido um dia intenso em Jerusalém, Jesus retirou-se para rezar. Ele queria mergulhar num profundo silêncio para estar com o Pai. Mas, antes do nascer do sol, ele já estava novamente ensinando no Templo. Era um incansável pregador da vida. A multidão vinha até ele porque tinha sede e fome e ele lhes dava a água da vida e o pão do céu.

Sentindo-se desprestigiados pelo povo, os fariseus procuram um jeito de confundir Jesus. Queriam colocá-lo numa situação embaraçosa já que não poderia ir contra a lei de Israel.

Tomados pelo ódio, trouxeram até ele uma pobre mulher que fora surpreendida em adultério. Estava despedaçada por uma vida que já tinha lhe tirado toda a dignidade. Jogada ao chão, envergonhada, acabrunhada pela dor, pela tristeza, encontrava-se ali, uma mulher humilhada, desprezada, rejeitada por aqueles homens que exigiam, acima de tudo, o cumprimento da lei. Queriam a morte ao invés da vida. Eram homens dos preceitos e não da misericórdia. Não entendiam que o amor estava acima da lei.

O que importaria para eles a vida daquela mulher? Eram rápidos para condenar e julgar; para colocar um ponto final na vida das pessoas. Viviam hipocritamente! Não eram homens da verdade. A simples fidelidade a uma regra pode, por vezes, acabar deformando e até destruindo uma vida se não for alimentada pelo amor.

Jesus observa cuidadosamente a atitude daqueles fariseus e, calmamente, abaixa-se e, num gesto de humildade, toca na terra como se quisesse dizer: “Quem são vocês para condenar esta pobre mulher? Seu arrependimento já não é suficiente para redimir seus pecados?”


“Olhando para a atitude de Jesus, aprendemos como nós não podemos ser justos a partir de nós mesmos; o peso da nossa vontade atrai-nos sempre para longe da vontade de Deus, faz-nos ser simples terra”. Bento XVI.


Irritados com a falta de reposta de Jesus, interrogaram-no de novo. Ele se levantou e disse as palavras mais arrebatadoras que jamais tinham ouvido: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra” (Jo 8,7). Mais uma vez, todos foram surpreendidos pelo Mestre de Nazaré. Envergonhados, retiraram-se um por um. E, num gesto de profundo amor e misericórdia, Jesus olha para aquela mulher que se derrama em lágrimas e lhe diz: “Eu não te condeno, minha filha. Vai, segue teu caminho em paz, e não voltes a cometer mais este erro”.


Aquela mulher jamais voltou a ser a mesma mulher. Homem algum a tinha amado tão verdadeiramente como Jesus. Ele lhe devolve a dignidade de filha de Deus, a vontade de viver e o desejo de recomeçar a ser uma mulher diferente.

O amor venceu! Jesus veio para salvar e não para condenar! Ele veio para restaurar a imagem de Deus nas faces desfiguradas e nos corações machucados. Ele veio para nos dizer que “enquanto julgamos as pessoas, não temos tempo de amá-las”. Se não entendermos isso, perdemos o essencial da vida.

Ir. Deuceli Kwiatkowski

domingo, 4 de março de 2012

Cinco pães e dois peixes: era tudo o que tinham!

Jesus era um homem de grande sensibilidade. Ao saber da morte de seu primo, quis ficar sozinho. Pegou uma barca, retirou-se para um lugar afastado e apenas alguns de seus discípulos o acompanharam. Todos estavam tristes porque o contato com o sofrimento do outro nos recorda quem somos.

Diferente de todos os outros mestres, Jesus falava da vida de uma forma tão fascinante que multidões corriam até ele para ouvi-lo falar. Não se importavam com a distância e com as longas caminhadas, por vezes, tão sacrificantes em busca do alívio da dor. Esqueciam até
de levar algo para comer enquanto estivessem fora de suas casas. Queriam saciar outra fome. Não perdiam a fé, nem a esperança e nada os impedia de ir até o Mestre.

Tantas vezes a vida começa a nos sepultar mais do que a morte e vem alguém e nos ressuscita. Tira-nos da escuridão e nos mostra um caminho de luz. Assim era o Mestre de Nazaré.

Jesus gostava de passar despercebido e de ser encontrado por aqueles que enxergam com o coração. Assim, ao chegar do outro lado do lago foi surpreendido pela multidão que já o esperava. Seu olhar alcançou a todos e ali estava ele diante de pessoas doentes, tristes e oprimidas. Movido pela compaixão e sem esperar que lhe pedissem, começou a curar a todos, devolvendo-lhes a esperança e a vontade de viver. Jesus era incansável no seu amor.

Mas, sem que ninguém se desse conta, entardeceu e a noite já ameaçava cair. Só naquele instante é que os discípulos notaram o avançar das horas e, preocupados, dirigiram-se até o Mestre. Como fariam para alimentar aquela multidão, se não tinham dinheiro suficiente e estavam longe da cidade? Mais uma vez, foram surpreendidos pelas suas palavras.

Trouxeram-lhe apenas cinco pães e dois peixinhos. Era tudo o que tinham. Mas depois de Jesus abençoar aquele alimento com um gesto solene, partiu-os e deu-os aos discípulos. Rapidamente perceberam que aquele alimento seria suficiente para todos. E o que parecia improvável aconteceu: verdadeiramente todos ficaram saciados. O pouco se tornou muito e a fé vencera!

Jesus era tão cativante que despertou naquela multidão a sede de ouvi-lo. Ele não queria que as pessoas o buscassem somente por causa das curas físicas, mas queria que todos se tornassem verdadeiros portadores da luz no mundo porque o verdadeiro amor multiplica-se quando é distribuído.
Ir. Deuceli Kwiatkowski

quinta-feira, 1 de março de 2012

Sementes crescem em nós!

Depois que nascemos não precisamos de muito tempo para perceber que viver é a experiência mais fascinante que experimentamos neste mundo. Aprendemos coisas que nos encantam, que abrem nossos olhos para a vida, nos fazem felizes. Descobrimos que, às vezes, basta um pedacinho de bolo de chocolate ou apenas um abraço carinhoso para um sorriso aparecer. Cada lição é aprendida. Não importa se caindo e ralando os joelhos ou levando uma bronca merecida. Tudo fará parte da história de nossa vida!

É incrível como, pouco a pouco, vamos sendo despertados pela vida que vai nos formando e nos ensinando um jeito bonito de viver porque nascemos pra dar certo!

Crescer envolve avançar em direção às boas atitudes. É como colocar sementes na terra para germinar. Exige cuidado na escolha das sementes, terra bem preparada, um olhar atento e uma coragem paciente para sustentar a espera desse desenvolvimento.

A terra dos nossos dias pode receber boas sementes. À medida que desenvolvermos o que aprendemos, escutamos e acreditamos, encontramos algo que cresce, e ali não haverá mais uma semente, mas algo que desabrocha com duas folhas, depois com quatro, depois com mais folhas e provavelmente se tornará uma grande planta, conforme nossas esperanças.

Sementes crescem em nós, silenciosamente, se permitirmos que sejam semeadas e possam ter o tempo necessário para germinar, crescer e florir. “Não impeçamos este nascimento! Há uma infinidade de sementes esperando pelo direito de nascer”. Pe. Fábio de Melo

E aí já não somos mais os mesmos. Amadurecemos em nossas decisões tomadas com sabedoria e responsabilidade, ajustamos nossas atitudes na verdade e no amor e as inadequações da vida já não nos deixam prostrados por terra.

Compreendemos que amar não significa aprisionar alguém, que cuidado é algo que faz bem ao coração, que defeitos todos temos, que dar uma nova chance é tão fraterno e humano, que agradecer os pequenos gestos de amor é muito elegante, que pegar uma criança no colo é encher-se de esperança, que ensinar uma criança a andar nos caminhos de Deus é uma atitude nobre.

Vivamos como Jesus que passou por este mundo semeando palavras de vida. Assim, aos poucos, compreenderemos que “plantar o próprio jardim, embelezar a alma, em vez de esperar que alguém nos traga flores” é o segredo daqueles que entenderam que podem ser jardineiros da própria vida.


Ir. Deuceli Kwiatkowski