domingo, 24 de agosto de 2014

Por que sofremos?

Perguntas movem o mundo. Perguntas inquietam. Perguntas ficam sem respostas.

Em cada dia, diante de inúmeras situações de dor e tristeza, de abandono e de sofrimento, de guerra e luta pelo poder, continuamos nos perguntando.

“Por que sofremos? Por que as pessoas boas sofrem? Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?”

“São perguntas que não servem para nada. Quem disse que a bondade pode livrar alguém da condição de limitada? A bondade não é uma bolha de proteção que tem o poder de livrar as pessoas das fatalidades, das injustiças, das calamidades da vida. Pessoas más também sofrem, coisas ruins também acontecem com elas. Todo mundo sofre. Pode ser que o sofrimento da pessoa boa fique mais evidente porque as más não costumam contar o que acontece.

Sofremos porque não podemos tudo. Sofremos porque temos um corpo que está condicionado aos limites de sua estrutura e possibilidades. Sofremos porque não somos capazes de fazer tudo sozinhos; somos dependentes dos outros. Sofremos porque não sabemos dizer não. Sofremos porque não sabemos dizer sim. Sofremos porque dissemos sim em ocasiões em que deveríamos ter dito não. Sofremos porque dissemos não em ocasiões em que deveríamos ter dito não. Sofremos porque vemos a violência ao nosso lado. Sofremos porque somos injustamente julgados, caluniados, maltratados. Enfim, sofremos por uma infinidade de coisas e não temos como mudar o fato de sermos naturalmente afetados pelos desajustes da vida.” Pe. Fábio de Melo

Se não podemos evitar o sofrimento, o que podemos fazer para aprendermos a lidar com ele?

Padre Léo, em sua doença, dizia: “Não sei por que estou doente. Mas sei para que fiquei doente. Fiquei doente para ser mais padre, mais amigo, mais filho”.

Escolhas são como sementes. O que plantamos hoje será fruto amanhã. A qualidade do fruto depende do que semeamos. Não há milagre que possa reverter o que foi semeado. Se as sementes plantadas eram de limão, não espere colher laranjas. É a regra da vida. É dura, mas é a lei!

Jesus também sofreu. Ele passou pelo sofrimento mais terrível que um ser humano poderia passar. Ele sabe da nossa dor. Ele conhece tudo. Olhemos para Ele quando a dor chegar. Não é possível conhecer Jesus, amar Jesus, seguir Jesus, sem entrar em sua lógica. É a lógica da cruz! Para muitos, uma estupidez, para outros, uma fraqueza, mas para aqueles que o amam verdadeiramente, é força e vitória.

Não percamos a fé, nem a esperança. Continuemos nossa caminhada tão cheia de lutas e desafios. Deus está conosco e nos ajuda a passar pelas estradas da dor.

Ir. Deuceli Kwiatkowski


sábado, 23 de agosto de 2014

Gestos e palavras: um casamento com a vida.

O que, de fato, toca o nosso coração? Depende. 

Há momentos em que muito mais do que pelas palavras que diariamente ouvimos, somos tocados pelos gestos de amor que chegam ao nosso coração na simplicidade, na verdade, na gratuidade e, tantas vezes, quando menos esperamos. Basta um sorriso, um olhar sem julgamentos, uma mensagem no celular, um telefonema de bom dia, um abraço fraterno para fazer alguém sentir-se amado e querido. Saber que para o outro eu existo desperta em nós sentimentos de alegria profunda e, mesmo distantes, tornamo-nos tão próximos.

Pequenos gestos de amor têm o poder incrível de aproximar pessoas, de devolver a serenidade na dor, de alegrar o dia de alguém, de curar corações magoados, de recuperar o ânimo abatido, de despertar novos gestos de amor, de trazer novamente alguém à luz. Ninguém resiste ao amor porque nascemos para amar e ser amados. Somente quem ama de verdade chega ao coração do outro porque quem ama é, acima de tudo, uma pessoa atenta, que sente, intui e percebe as consequências do que está para dizer ou fazer.

Mas em outros momentos, somos tocados pelas palavras porque a “nossa vida é um casamento com as palavras, as que dizemos a nós mesmos no silêncio do recolhimento e que nos ajudam a não perder de vista o rumo e a sempre reencontrá-lo, as que dizemos aos outros para compartilhar alguma coisa nossa e as que ouvimos dos outros, para nos conhecermos e para reunir o cansaço e a sabedoria do viver. Quando inexiste essa troca de palavras ditas e ouvidas, a vida é mutilada nas suas expressões mais vitais e espirituais”. Giuseppe Colombero

Esta é a nossa vida. Somos feitos para a comunhão. A amizade, o amor e todos os sentimentos fortes, mesmo o ódio, têm necessidade de palavras. Viver é encontrar e dialogar.

Portanto, manter viva a afetividade significa permanecer enxertados no tronco da vida e comunicar vida. Muitos a recusam intencionalmente porque a amizade é exigente e obriga a corresponder-lhe e a cultivá-la. Mas felizes são aqueles que descobrem o segredo da vida e se dispõem a vivê-lo em cada dia espalhando sementes de esperança, de paz, de gentilezas, de amor.

Lembremo-nos sempre: o essencial faz a vida valer a pena! E o essencial é amar porque quem ama é feliz.



Ir. Deuceli Kwiatkowski