domingo, 20 de novembro de 2011

Optar pela vida!

Entre os grandes escritores que sabem colocar as palavras no lugar certo e, assim, as tornam cheias de significado, está Thomas Merton. Nasceu na França em 1915 e, anos depois foi para os Estados Unidos onde tornou-se Monge Trapista. É autor de mais de 40 livros, muitos já traduzidos e publicados no Brasil.

Sem dúvida, sua experiência de vida, dentro e fora do mosteiro, tornou-se fonte de inúmeras reflexões que foram sendo amadurecidas no silêncio da contemplação e transformadas em palavras, depois em capítulos e, por fim, em tantos livros que percorrem o mundo.

Creio que os monges sempre têm algo de muito importante a nos dizer porque o Mosteiro é uma escola onde se aprende de Deus a ser feliz.

Thomas Merton em um dos seus livros nos diz: “Se não tive a oportunidade de escolher a época em que viveria, tenho, no entanto, uma opção quanto à atitude que tomo e quanto à maneira e à medida de minha participação nos acontecimentos vivos que se sucedem. Trata-se de assumir uma tarefa e uma vocação no mundo, na história e no tempo. O meu tempo, que é o presente.

Optar pelo mundo é optar por fazer o trabalho de que sou capaz, em colaboração com meu irmão e minha irmã, para tornar o mundo melhor, mais livre, mais justo, mais habitável, mais humano”.


Portanto, este é o tempo de Deus para nós! É aqui nesta cidade, nesta família, nesta escola, no meu trabalho, na minha casa, com meus amigos e parentes que devo realizar o que Deus reservou para mim. A realidade atual não deve nos deixar perplexos, mas deve nos apontar caminhos que nos ajudem a continuar optando pela vida, pela fé, pela esperança, pelo amor.

Optar pela vida, em cada dia, significa assumir nesta vida os valores e ideais que Jesus viveu e ensinou, por mais diferentes que sejam de tudo aquilo que nos cerca. Significa realizar pequenos gestos que geram vida, alegria, simpatia nos corações.

Sejamos construtores de pontes e não construtores de muros que dividem. Um ato de amor vale mais do que mil palavras. Palavras passam... atos permanecem para sempre!


Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

Natal do Menino Jesus!

No final de cada ano temos a sensação de que os dias estão passando mais rapidamente e quando nos damos conta levamos um susto porque já é Natal! 

Ele chega com todo seu encanto, ternura, beleza, mas, aos poucos, somos invadidos pela loucura das ofertas e da correria das compras e nossa atenção desvia-se do essencial. E aí perguntamo-nos: pra quê tudo isso? Fazer-se esta pergunta é fundamental para voltarmos o nosso olhar e nossa vida para o verdadeiro sentido do Natal Cristão.

Infelizmente, para muitos, Natal é sinônimo somente de dar e receber presentes. Um consumismo desenfreado que longe de representar verdadeiramente o significado mais profundo desta data, leva as pessoas a uma vida vazia e de aparências. Tudo acaba depois da ceia de Natal. As pessoas se despedem, vão para suas casas e os dias continuam da mesma forma, sem luz, sem brilho, sem alegria, sem a troca de amor, de atenção, de carinho... sem Deus!

Muitos comemoram a festa natalina e nem sabem que Natal significa nascimento: o dia do nascimento de alguém. Fazem festa para si mesmos, com muita comida e bebida e nem sabem quem é o aniversariante. É lamentável! Se cada um de nós tem o dia de seu natal, como poderia Jesus não ter o dele?

“E o verbo se fez carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigênito, cheio de graça e de verdade”. (Jo 1,14)

Para nós que acreditamos, celebrar o Natal é festejar o encontro de Deus com o homem! Haverá dom maior que ter um Deus vivendo conosco a nossa vida humana?

Natal é a festa com a qual se celebra não um acontecimento passado que ocorreu há mais de 2000 mil anos e acabou, mas algo presente que é ao mesmo tempo começo de um futuro eterno que vem se aproximando. É a festa do nascimento da eterna juventude! Nasceu-nos um menino, mas não é um menino que começa a morrer no momento em que começa a viver. É o menino que traz consigo definitivamente a eterna vida... a eterna juventude!


Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

domingo, 18 de setembro de 2011

Conselhos de Jesus



“Viver não é fácil!” Li há poucos dias estas palavras e fiquei pensando: será? Depende, né? 

Sabemos que nossos dias parecem nos atropelar e corremos o dia inteiro atrás de coisas, de dinheiro, de trabalho, dos filhos, etc, e, quando chega à noite, estamos mais do que exaustos e cansados, com mil preocupações e, muitas vezes, só queremos um pouco de sossego e o nosso cantinho. E já não nos damos conta de que existe alguém nos esperando e que aquela refeição, preparada com tanto amor, seria o momento bonito de podermos conversar porque ali, naquele chão, eu me sinto seguro, feliz com aqueles que me amam.

"Refeição é devolução. Da mesma forma como o alimento devolve ao nosso corpo os nutrientes perdidos, a presença dos que amamos nos devolve a nós mesmos. Sentar à mesa é isso. Nós nos servimos de alimentos e de olhares. Sentimos fome de pão, mas também fome de amor, de atenção, de compreensão". Pe. Fábio de Melo

E quem não precisa ser ouvido, ser levado a sério? Nossa vida é tecida de pequenos detalhes e o verdadeiro amor está nas pequenas atenções que fazem o outro sentir-se feliz.

Todos somos chamados a realizar algo que ninguém mais pode realizar porque este espaço é de cada um. Deus espera que nós entendamos seus recados e compreendamos que viver é uma arte que depende de nós. Se não sabemos por onde andar, peçamos um conselho a Jesus que nos deixa disponível sua Palavra todos os dias.

Nosso Papa, Bento XVI nos diz: “A Sagrada Escritura não é algo que pertence ao passado. O Senhor não fala no passado, mas no presente; Ele fala conosco hoje, dá-nos a Luz, mostra-nos o caminho da Vida, concede-nos a comunhão, e, assim, prepara-nos e abre-nos para a Paz”.

E ainda: “Só quando nos encontramos com o Deus vivo aprendemos o que é a Vida. Não há nada mais belo que ser encontrado pelo Evangelho, por Cristo”.

Por isso, viver não é tão difícil. Temos um grande Conselheiro que nos ensina e nos diz onde está a verdadeira Vida. O segredo é amar aquilo que fazemos e aqueles que Deus nos deu para amar, sem agitação, mas na serenidade e na paz. O caminho existe... desconhecer a Palavra de Deus é desconhecer o próprio Cristo.

Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

domingo, 24 de julho de 2011

Pedras vivas


“Quando sentirem saudade de Mim, reúnam-se e Eu estarei com vocês!” (Mt 28,20).

Não existiu ninguém neste mundo que tenha vivido tão plenamente sua vida humana como Jesus. Ele não queria mais nos deixar e surpreendeu-nos com seu jeito tão humano de permanecer conosco. E para lembrar sempre da sua presença, a Igreja não se cansa de dizer: “O Senhor esteja convosco! Ele está no meio de nós!”


Que dom pode ser maior do que ter a presença do próprio Cristo na Eucaristia sempre que desejarmos, neste tempo que é nosso?

Deus está em nós, na nossa alma, dentro de cada um, na própria existência e na história. Mesmo que falemos baixinho, só para Ele ouvir, Ele nos escuta porque todo lugar pode se tornar lugar de oração. Assim podemos rezar quando estivermos lavando a louça: “Lava-nos, Senhor, de nosso pecado”; ou sentados à mesa: “Senta conosco, Senhor, e abençoa nossas famílias”; ou quando estivermos entre amigos: “Senhor, não permita que nunca nos afastemos da sua presença, mas seja sempre nosso melhor e mais querido amigo”; ou quando estivermos semeando as sementes para as novas colheitas: “Senhor, queremos ser sementes de vida ali onde você nos plantou”; ou ainda, em nossos sofrimentos: “Senhor, posso perder tudo neste momento, mas, por favor, não me tire a fé”.


Rezar é assim simples e fácil porque a própria vida nos ensina. Se ficarmos olhando só para nós mesmos, perderemos a oportunidade de levantar a cabeça, de enxergar o horizonte, de alargar o coração para agradecer sempre! Quando o coração está em Deus, a vida se torna uma oração.

Mas também a comunidade é o lugar privilegiado do encontro com o Senhor. Longe da comunidade tornamo-nos fracos porque ali é o lugar da companhia, da comunhão, da participação. Uma comunidade eucarística é aquela que se reúne para dizer: “Muito obrigado, Senhor, porque fomos resgatados pelo seu infinito amor e, por isso, voltamos sempre aqui para agradecer-Lhe pela vida, pelas nossas famílias, pelos dons recebidos”.


Saber agradecer é uma atitude que enobrece o coração do homem que é capaz de reconhecer que tudo é dom de Deus.

Sintamo-nos como filhos na casa do Pai e irmãos entre nós. A casa de Deus deve ser um lugar bonito onde o espaço, as flores, os cantos, as pessoas expressem sua beleza e nos ajudem a rezar. Neste lugar, o que deve nos unir é a fé que professamos, o amor que vivenciamos e a esperança que nos anima na caminhada da vida.

Sejamos pedras vivas neste edifício construído por mãos humanas e Deus, o divino construtor, torne bela nossa alma para um dia estarmos com Ele para sempre.

Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

Sementes de vida

Jesus, Mestre por excelência, passou pelos caminhos deste mundo semeando abundantemente sementes de vida.

Multidões eram atraídas para junto daquele que explicava a vida de uma forma tão simples falando da terra, das sementes, dos frutos..., que perdoava os pecadores sem nenhum julgamento porque já estavam despedaçados pela mediocridade humana, que curava os doentes do corpo e do espírito e os entregava às suas famílias, que acolhia as crianças com a ternura de um pai. Era assim que Jesus vivia no seu tempo, cumprindo sua missão de tornar claras todas as coisas reveladas pelo Pai. Por isso, aqueles que andavam com Ele, não O largavam mais, juntaram-se entre si, tornaram-se amigos. Não há nenhuma razão maior do que esta para tornar-se amigo.

“Ninguém jamais falou como Ele, diziam todos maravilhados. Verdadeiramente o jeito de ser de Jesus, seu interesse pelas pessoas, tocavam todos os que O escutavam porque correspondiam às exigências mais profundas do coração humano como a sede de felicidade, de verdade, de bondade, de justiça e de paz. Ouvir Jesus era, para cada um, o reavivar da esperança e a confirmação de que era possível viver assim como Ele.

Jesus, o semeador do Pai (Mt 13, 1-9) despertava naqueles homens e mulheres, às margens do mar da Galileia, o desejo de tornarem-se, com Ele, sementes de vida para produzirem frutos em abundância pelo mundo afora.

Tornar-se uma semente de vida significa florescer ali onde Deus nos plantou seja em nossa família, em nosso trabalho, em nossa comunidade ou com nossos amigos, porque uma semente que não produz fruto, morre em si mesma, em seu egoísmo sem realizar suas potencialidades. E não há felicidade naquele que vive só para si, que vive no pecado.

Não importa se somos um pequenino arbusto ou uma grande árvore, importa que tenhamos raízes e que continuemos neste tempo que é nosso, a missão de Cristo. Para isso, precisamos voltar sempre e sentar às margens do mar da Galileia, olhar para Jesus, ouvi-Lo falar, falar, falar e, vencendo o tempo e o espaço, deixar que seu amor nos torne sempre uma semente fecunda que gera a vida onde for lançada.


Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

Nascemos para dar certo

Que aspiração pode ser maior do que a vida?

Quando nossos olhos se abriram para este mundo, vivemos a bela experiência do cuidado. Alguém cuidou de nós! Incansavelmente fomos alimentados, embalados, consolados, afagados, contemplados, protegidos... alguém nos amou profundamente em cada momento de nossa vida, na gratuidade e na ternura.

Aos poucos, esta experiência de sentir-se amado ampliou-se e percebemos que o amor ultrapassou os limites de nossa casa e multiplicou-se em muitos encontros que fizemos ao longo de nossa vida até descobrirmos que existe um amor maior que sustenta todos os nossos amores que é o Amor de Deus!

A experiência do primeiro amor é decisiva em nossa vida porque ninguém consegue amar sem antes ter sido amado. Nossa relação com a vida, com Deus, com as pessoas está intimamente ligada a esta experiência. O amor como gratuidade e ternura só se aprende com quem vive o amor como gratuidade e ternura, não se aprende teoricamente.

Nascemos para dar certo! Nascemos para encontrar amigos, para conhecer lugares novos, para amar alguém e constituir uma família, para viver a vida de uma forma leve, bonita, sem atropelos e desânimos. Nascemos para amar de um jeito certo e bonito. Se em algum aspecto de nossa vida não demos certo, talvez porque nossas escolhas não foram acertadas, mas mesmo assim “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28).

Para amar não há limite de idade porque fica bem em qualquer momento da vida. É possível começar sempre e, muitas vezes, com um pequeno gesto em cada dia. Amar é um exercício recomendável a todos porque nos deixa mais elegantes em nosso jeito de ser! Ninguém resiste a um sorriso, a um abraço, a uma palavra de consolo, a um gesto de carinho e atenção... ninguém resiste ao amor porque todos temos necessidade de amar e de sermos amados.

“As flores do campo não mudam de lugar para achar os raios de sol. Deus se encarrega de fecundá-las onde quer que estejam”. Assim somos nós também. Deus nos aceita do jeito que somos mas não quer que permaneçamos do jeito que estamos. Um passo avante, ali onde vivemos e trabalhamos, com aqueles que amamos e com aqueles que temos dificuldades para amar. Se permanecermos unidos a Deus, produziremos frutos para a eternidade porque aquele que ama conhece a Deus, porque Deus é amor (1Jo 4,8).
Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Escolher o essencial


Olhamos para a vida e vemos que ela nos apresenta múltiplas oportunidades e, muitas vezes, por isso, é tão difícil escolher. Através da tecnologia tudo se tornou mais rápido e fácil e parece até que as distâncias já não existem mais. Porém, mesmo em meio a tantas possibilidades, para ser feliz, o ser humano precisa saber escolher o que, de fato, tem valor.

Há quem passe horas navegando pela Internet, mas não consegue gastar 10 minutinhos para ouvir alguém que quer conversar. Há quem gaste horas e até dias com amigos, em farras e bebedeiras, mas não tem a capacidade de gastá-las com a família. Há quem tenha tempo para ir ao Shopping, ao clube, ao bar, mas não tem tempo para ir participar da Santa Missa aos domingos. Há mulheres que ficam horas no salão de beleza, mas não param para ouvir o marido. Há jovens que passam noites inteiras em festas e são incapazes de chegar em casa e beijar seus pais e agradecer-lhes por tudo o que fazem por eles.

Há quem se prenda mais aos erros e não às pessoas. Cargos passam, filhos crescem, pessoas adoecem, despedidas acontecem, o tempo passa... e, um dia, a vida se ausenta.

É feliz aquele que compreende que pessoas têm mais valor do que coisas. Que família é presente de Deus e amizade é um dom que torna a vida mais bonita e leve.

Amar é escolher o essencial!


Pode ser que para você hoje o essencial seja perdoar alguém ou pedir perdão, ou talvez ficar mais com sua família que tanto o ama, mas sente sua ausência, ou valorizar mais tudo o que tem como dom maravilhoso de Deus, ou talvez dedicar-se mais a alguma atividade da paróquia porque para quem deseja colaborar sempre há espaço... não sei, o que sabemos todos é que a vida é bela para quem sabe escolher bem.

"Quem ama encontra tempo... porque não existe relacionamento sem diálogo, família sem presença, felicidade sem prioridade!" Pe. Adriano Zandoná


Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

domingo, 1 de maio de 2011

Natal: a festa do Amor!



Quando iniciamos o mês de dezembro parece que algo acontece dentro de nós e tudo fica mais bonito, mais cheio de ternura e de paz. Parece que a tolerância encontra mais espaço entre as pessoas e a solidariedade encontra corações mais abertos e acolhedores e, por algumas semanas, lembramos mais de que é possível ajudar alguém, estender a mão, amar mais.

É incrível como tudo isso acontece e de ano em ano voltamos a ter sentimentos que nos enchem de paz e de profunda alegria. Por que será que isso acontece? Por que o natal nos toca tanto?

“E o verbo se fez carne e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória” (JO 1,14). É exatamente na ternura de um nascimento que encontramos a razão de nossa fé: Deus veio até nós para nos trazer a Paz! Ele se faz homem para que nos tornemos mais humanos. Ele nasce na simplicidade para que não nos iludamos com as aparências. Ele recebe pastores e reis para que saibamos ser irmãos. Ele chega de mansinho no coração da noite para que compreendamos que os grandes gestos são silenciosos. Ele nos traz o amor para que tenhamos a alegria de viver. Ele chega tão perto para que possamos abraçá-Lo.

Ele vem! Vem para nos dizer que o amor existe, resiste, vence. Ele vem para dar mais sentido ao nosso dia a dia. Ele vem para fazer-nos caminhar na esperança e para dar-nos a certeza de que cada dia de nossa vida pode ser um feliz natal!

Celebremos o NATAL, a festa do Amor! Porque celebrar o Natal é festejar o encontro de Deus com o homem! Cristo é a nossa estrela! A estrela que aponta o caminho de nossa vida e nos faz caminhar na luz.

Que na noite santa do Natal de Jesus, nosso coração seja a acolhedora manjedoura onde o Menino-Deus encontrará lugar para nascer e ali permanecer.


Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

Jesus nos trouxe Deus!

Em todos os tempos, o homem sempre se perguntou a respeito da vida, da morte, do futuro do qual se aproxima. Ele quer rasgar a cortina, quer saber o que acontecerá depois para escapar do mal e ir ao encontro da salvação. Por isso, as religiões são importantes porque podem mediar sobre o que há de vir e podem, assim, indicar ao homem um caminho que deve tomar para não fracassar. Elas têm o objetivo de equilibrar nosso coração para vivermos bem nossas relações humanas.

Diante de um mundo marcado por tantas guerras, destruições, tragédias naturais e humanas, o Cardeal Joseph Ratzinger, nosso Papa emérito Bento XVI, levanta uma grande questão: “Mas então o que é que Jesus realmente trouxe, se não trouxe nem a paz para o mundo, nem o bem-estar para todos, nem um mundo melhor? O que é que Ele trouxe?

E a resposta é dada de um modo muito simples: DEUS! Ele nos trouxe Deus! Ele trouxe aos povos da Terra o Deus cujo rosto lentamente foi sendo desvelado desde Abraão, passando por Moisés e pelos profetas.

De uma forma tão extraordinária e bela, ele continua a nos dizer. “Ele nos trouxe Deus: agora conhecemos o seu rosto, agora podemos chamar por Ele. Agora conhecemos o caminho que como homens devemos percorrer neste mundo. Jesus trouxe Deus e assim a verdade sobre nosso fim e a nossa origem; a fé, a esperança e o amor. Somente por causa da dureza do nosso coração é que pensamos que isso seja pouco. Sim, o poder de Deus é suave neste mundo, mas é o verdadeiro, o poder que permanece”.


Não podemos arriscar a eternidade pelos poucos anos vividos neste mundo. Nós conhecemos o caminho e sabemos como caminhar por ele: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”
(Jo 14,6). Não basta observar a realidade a partir da fé, é preciso trabalhar com o Evangelho nas mãos e deixá-lo transparecer na vida.

Que o Senhor nos ajude a ver a história como Ele a vê, a julgar a vida como Ele o faz, a escolher e amar como Ele, a cultivar a esperança como Ele nos ensina e a viver nEle a comunhão com o Pai e o Espírito Santo.

“A fé cristã é um caminho... e é próprio de um caminho que, só andando por ele, se possa saber como caminhar nele”, nos diz Bento XVI.


Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

Na Última Ceia... os segredos do coração!


Jesus eleva os olhos ao céu e começa sua oração num diálogo profundo com o Pai. Sabia que sua hora chegara e Ele a cumpre plenamente. “Pai, é chegada a hora, glorifica teu filho, para que teu filho te glorifique a Ti” (Jo17,1). 

Jesus queria plantar a semente da eternidade no coração de cada ser humano. “Se o grão de trigo não morrer, fica ele só, mas se morrer, produz muito fruto” (Jo 12,24). Jesus mesmo se tornou pão para nós, e esta multiplicação de pães durará inesgotavelmente até o fim dos tempos porque Ele é o Pão da Vida.

“Deus não se impõe... sua presença chega até o mais profundo de nosso ser”, nos diz o Papa emérito Bento XVI. Os dias de Jesus sobre a Terra foram para nos revelar os segredos do coração desse Pai. Um Pai que não sabe não amar seus filhos porque é misericórdia e compaixão. Deus respeita nossa liberdade, mas anseia profundamente pela nossa salvação. Quanto mais conscientes do que somos, fazemos e podemos, mais seremos homens e mulheres realizados.

Ao longo de milênios, o povo escolhido foi aprendendo a pedagogia de Deus, e foi sendo construída uma longa história de amor e fé, revelada plenamente em Jesus. A missão de Jesus foi ensinar-nos a amar. Amar de um jeito certo, sem amarras, sem egoísmo, sem dependência.

Amar nunca foi fácil também para os primeiros discípulos porque não sabiam amar alguém além de si mesmos ou de uns poucos mais íntimos. E Jesus foi entrando em suas vidas devagarinho, com paciência e foi ensinando-lhes a linguagem do amor por meio de palavras incomuns e gestos surpreendentes. “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei!”
(Jo 15,12). Eram jovens demais, frágeis e não lapidados pela vida. Tinham medo da dor e do sofrimento. Por isso, Jesus disse: “Pai, guarda-os em teu nome!” (Jo 17,11). Suas palavras revelavam o cuidado com aqueles que tão intimamente viveram com Ele a experiência profunda da revelação divina.

Jesus era um homem tão extraordinário que só poderia ser Deus! Mesmo os ambientes ameaçadores não o perturbavam. Jesus era tão cativante que despertou a sede do saber nesses jovens, em cujas mentes não havia mais do que peixes, redes, barcas. “Quem tem sede, venha a Mim e beba”
(Jo 7,37). Esta é a fascinante experiência do amor: chegar na vida de alguém para ampliar seu mundo porque só quem ama de verdade tem disposição de ir além da superfície.


Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

sábado, 5 de março de 2011

Renovar o que não é novo!

Quando um artista decide pintar um quadro, a ideia já está em sua mente, clara como o dia. Enquanto não a vê concretizada, ela não o abandona. Realizá-la significa torná-la visível para que outros também possam apreciar e desfrutar da beleza de cada traço e da harmonia das cores.

Assim também é a vida humana porque viver é uma grande arte! Estas palavras já soam bem conhecidas aos nossos ouvidos porque a dinâmica é a mesma. 


A tela da minha vida terá as cores que eu escolher pintar. Talvez será uma tela que encantará os outros pela serenidade, pela beleza, pela criatividade, pela firmeza dos traços, pela harmonia das cores, pela luz que transmite... ou poderá ser uma tela em que a luz não estará presente, mas apenas cores escuras, sombrias, rabiscos sem definição.

Sabemos que nem tudo é alegria e que na tela de nossa vida também encontraremos pinceladas de cores que expressam o sofrimento, a dor, o cansaço, a angústia... mas não podem ser pinceladas que cubram todo o quadro. A vida nos proporciona tantas coisas boas! Nosso maior problema é que acostumamo-nos com o que temos, com quem amamos, com o lugar em que vivemos e não abrimos nossos olhos para ver o real valor de tudo o que está ao nosso lado.

Muitas vezes, somente depois que perdemos algo ou alguém é que descobrimos que poderíamos ter amado mais, ter olhado mais nos olhos de quem está ao nosso lado, ter ouvido suas palavras com mais amor... porque o inevitável é que um dia poderemos nos arrepender e já não teremos como recuperar o tempo em que Deus nos concedeu para sermos bons pais, bons esposos, bons filhos, bons irmãos, bons amigos, bons vizinhos, bons profissionais.

Renovar o que não é novo é a possibilidade de vivermos intensamente cada dia como se fosse o primeiro. Todos os dias repetimos as mesmas ações, mas poderemos repeti-las com mais amor, com mais paciência, com mais serenidade. Somente assim a tela de nossa vida poderá estar sempre iluminada, embora algumas nuvens possam aparecer em alguns momentos.

Coloquemos tudo no seu devido lugar, por prioridade. As coisas não podem ser mais importantes do que as pessoas.


Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Família: santuário da vida!


São João Paulo II, nosso querido e saudoso Papa, falou-nos da família como o "Santuário da vida". E Santuário quer dizer “lugar sagrado”. É ali que a vida humana surge como de uma nascente sagrada, e é cultivada e formada. É missão sagrada da família, guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida.

Desde que existe a humanidade existe a família, e ninguém jamais poderá destruí-la porque foi instituída por Deus. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, ela é “a célula originária da vida social”.

“É a sociedade natural na qual o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida” (CIC, 2207).

O futuro da sociedade e da Igreja passa pela família porque é neste espaço de encontro, de afeto, de presença física, de acolhida, de segurança que filhos e pais aprendem a amar e ser felizes. Quem não experimentou o amor no colo de um pai e no abraço de uma mãe, terá dificuldade para encontrar em outro lugar.

“A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente a liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (CIC, 2207).

Cuidar da família é missão de todo cristão. Nossos jovens precisam acreditar que é na família que a vida cresce e se desenvolve, torna-se uma árvore frutífera e nem as tempestades poderão derrubá-la.

Uma família que construiu a casa sobre a rocha que é Deus não se deixa vencer pelas dificuldades, mas caminha confiante na certeza de que o caminho da fidelidade conduz à felicidade. “Meu filho, guarda os preceitos de teu pai e não rejeites a instrução de tua mãe...” (Pv 13,1).

Peçamos ao Senhor pelas nossas famílias para que continuem firmes na fé, alegres na esperança e fortes na tribulação. Que o amor vivido nas nossas famílias seja o bom perfume que se espalha para que outros também possam viver segundo os ensinamentos de Cristo, Filho por excelência. Lembremo-nos sempre que a fidelidade de uns sustenta a fidelidade de outros.

   Ir. Deuceli Kwiatkowski