quarta-feira, 7 de março de 2012

A mulher adúltera: o amor venceu!

Uma das cenas mais comoventes relatada nos Evangelhos toca profundamente a realidade humana.

Depois de ter vivido um dia intenso em Jerusalém, Jesus retirou-se para rezar. Ele queria mergulhar num profundo silêncio para estar com o Pai. Mas, antes do nascer do sol, ele já estava novamente ensinando no Templo. Era um incansável pregador da vida. A multidão vinha até ele porque tinha sede e fome e ele lhes dava a água da vida e o pão do céu.

Sentindo-se desprestigiados pelo povo, os fariseus procuram um jeito de confundir Jesus. Queriam colocá-lo numa situação embaraçosa já que não poderia ir contra a lei de Israel.

Tomados pelo ódio, trouxeram até ele uma pobre mulher que fora surpreendida em adultério. Estava despedaçada por uma vida que já tinha lhe tirado toda a dignidade. Jogada ao chão, envergonhada, acabrunhada pela dor, pela tristeza, encontrava-se ali, uma mulher humilhada, desprezada, rejeitada por aqueles homens que exigiam, acima de tudo, o cumprimento da lei. Queriam a morte ao invés da vida. Eram homens dos preceitos e não da misericórdia. Não entendiam que o amor estava acima da lei.

O que importaria para eles a vida daquela mulher? Eram rápidos para condenar e julgar; para colocar um ponto final na vida das pessoas. Viviam hipocritamente! Não eram homens da verdade. A simples fidelidade a uma regra pode, por vezes, acabar deformando e até destruindo uma vida se não for alimentada pelo amor.

Jesus observa cuidadosamente a atitude daqueles fariseus e, calmamente, abaixa-se e, num gesto de humildade, toca na terra como se quisesse dizer: “Quem são vocês para condenar esta pobre mulher? Seu arrependimento já não é suficiente para redimir seus pecados?”


“Olhando para a atitude de Jesus, aprendemos como nós não podemos ser justos a partir de nós mesmos; o peso da nossa vontade atrai-nos sempre para longe da vontade de Deus, faz-nos ser simples terra”. Bento XVI.


Irritados com a falta de reposta de Jesus, interrogaram-no de novo. Ele se levantou e disse as palavras mais arrebatadoras que jamais tinham ouvido: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra” (Jo 8,7). Mais uma vez, todos foram surpreendidos pelo Mestre de Nazaré. Envergonhados, retiraram-se um por um. E, num gesto de profundo amor e misericórdia, Jesus olha para aquela mulher que se derrama em lágrimas e lhe diz: “Eu não te condeno, minha filha. Vai, segue teu caminho em paz, e não voltes a cometer mais este erro”.


Aquela mulher jamais voltou a ser a mesma mulher. Homem algum a tinha amado tão verdadeiramente como Jesus. Ele lhe devolve a dignidade de filha de Deus, a vontade de viver e o desejo de recomeçar a ser uma mulher diferente.

O amor venceu! Jesus veio para salvar e não para condenar! Ele veio para restaurar a imagem de Deus nas faces desfiguradas e nos corações machucados. Ele veio para nos dizer que “enquanto julgamos as pessoas, não temos tempo de amá-las”. Se não entendermos isso, perdemos o essencial da vida.

Ir. Deuceli Kwiatkowski

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