Em nossos dias ouvimos e vemos tantas coisas que rapidamente
esquecemos por vários motivos. E isso é bom porque não daríamos conta de
absorver tudo ao longo da vida. Esquecer também é necessário e é importante
para a nossa saúde mental.
Mas há coisas que ouvimos e atitudes que
presenciamos que ficam em nós, mesmo que os anos passem, não esquecemos jamais porque,
de alguma forma, tocaram nosso coração na essência daquilo que corresponde ao
que também acreditamos.
Alguns anos atrás, um grande professor contou-me
uma inesquecível experiência vivida por seu pai que estava diretamente ligada a
ele como filho.
Muitos e excelentes professores de um renomado curso
de medicina estavam reunidos em um momento de intervalo das aulas. Numa boa e
descontraída conversa, cada um se adiantava em falar: “o meu filho é médico cardiologista”, “o meu é advogado de uma grande
empresa multinacional”, “o meu é um engenheiro bem sucedido”, “o meu é
economista com especialização no exterior”...e assim seguiram falando dos
sucessos profissionais dos filhos, das conquistas alcançadas, dos
encaminhamentos que estavam dando, das novas possibilidades de trabalho. Sem
dúvida, era muito orgulho para pais dedicados e que desejavam o melhor para
seus filhos.
Em um determinado momento, entre tantos comentários
de sucesso e de bons empreendimentos, alguém se dirigiu a um médico que estava
só ouvindo os seus colegas de trabalho e perguntou-lhe: E o seu filho, doutor, o que ele é? Calmamente e com a sabedoria que
é própria de quem já descobriu a essência da vida, respondeu: Meu filho? Meu filho é um homem bom!
Todos se calaram surpresos com a resposta dada pelo
médico. Antes de ser um excelente profissional, seu filho era um homem bom. Um
homem de caráter, de valores humanos profundos, de visão ampla e solidária, de
sensibilidade e capacidade de ir ao encontro das pessoas. Um homem que usava o
conhecimento profissional para servir, para elevar o outro. Um homem de coração
generoso e um filho, talvez único, naquele momento em que o sucesso
profissional falava mais alto.
Por que a surpresa de todos? Talvez porque no afã
do fazer esqueceram-se do ser. Quantos ali não poderiam repetir esta afirmação:
Meu filho é um homem bom! Aquele pai tinha formado o coração daquele
filho no amor. Gastou tempo para ensinar-lhe que sabedoria e inteligência,
quando juntas, são virtudes que transformam o mundo. Ele sabia que conhecimento
apenas não forma caráter, que conhecimento apenas pode gerar prepotência,
orgulho, insensibilidade. A formação de valores e o conhecimento profissional juntos
podem construir um ser humano mais completo, mais competente que, sem dúvida, deixará
marcas profundas de seu comprometimento com a humanidade. Quem dera se todos os
pais pudessem dizer: “Meu filho é um
homem bom e, por isso, um excelente profissional”.
Se desejamos um mundo melhor, é necessário,
portanto, formar mentes e corações capazes de ir além do sucesso profissional
porque ele é apenas consequência.
Ir. Deuceli
Kwiatkowski
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