Olhamos
para os lados e, dia após dia, vemos tantas calamidades públicas ou privadas,
que tentam tirar a esperança no ser humano já tão abalada em nossos tempos.
Alguns
passos para frente e outros tantos para trás. Levamos sustos, ouvimos opiniões,
ficamos pensativos, trocamos ideias, silenciamos por vezes em busca de
respostas e continuamos concluindo que conviver continua sendo o grande desafio
de todos os tempos.
“Trigo e joio” juntos, uma parábola ensinada por Jesus, tão
atual e válida para os nossos dias; tão penosa e desafiante em suas implicações.
Conviver nunca foi fácil e nunca será porque o ser humano tantas vezes é movido
pela intolerância, pelo desejo de vingança, pelo desrespeito à vida, pelo
comodismo, pelo egoísmo. Além disso, vivemos atropelados pelo trabalho, pela
busca da sobrevivência, pelo desejo de aparecer, pela impaciência da espera,
pela ilusão da vida e nos damos conta de que se torna uma luta desigual, como
entre Davi e Golias. Por isso, milhares de pessoas desistem de viver e criam assim
situações de desespero e de morte.
Saber
viver bem com os outros, consigo mesmo e com o mundo significa saber superar os
conflitos, erguer os olhos e contribuir para retomar o diálogo, ser
misericordioso, semear a alegria de estar junto nesta convivência. Significa sair dos horizontes conhecidos para
ir em busca de verdadeiros encontros que tornam-se oportunidades para
transformar os olhares e os gestos. Só quem se atreve a sair da
superficialidade consegue chegar aos encontros fecundos.
Mesmo
transitando em meio a tantas desesperanças, são muitas as pessoas cujas vidas
ganham em seriedade, em profundidade, em compaixão e em alegria autêntica ao
fazer esse caminho de saída de si mesmo. São muitas as pessoas que, em contato
com vidas e histórias diferentes e reais, compreendem melhor suas vidas e sua
responsabilidade.
A
vida pede de todos nós uma atitude de abertura e de deslocamento frente ao
outro, o que significa colocar-se em seu lugar, deixar-se questionar e
desinstalar por ele. Nosso desafio não é fugir da realidade, mas aproximarmo-nos
dela com todos os sentidos bem abertos para olhar e contemplar, escutar e
acolher, percebendo no mais profundo da mesma a presença ativa do Deus que nos
ama com criatividade infinita, para encontrar-nos com Ele e darmos sentido à
nossa existência enquanto estivermos neste mundo.
Ir.
Deuceli Kwiatkowski
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