sábado, 6 de julho de 2013

Chegadas e partidas

No vai e vem da vida encontramos pessoas, ficamos felizes por conhecê-las, aprendemos a amá-las, descobrimos suas preferências, conhecemos suas ideias, partilhamos a vida, alegrias e sonhos, dores e sofrimentos e, um dia, as deixamos ou elas nos deixam partir.

Há aquelas pessoas que encontramos apenas uma vez na vida e nunca mais as vemos. Sua lembrança se apaga de nossa mente. Chegam e partem rapidamente. Outras ficam um pouco mais, dias talvez e também se vão. Deixam lembranças boas e nós guardamos as suas palavras, as histórias contadas entre sorrisos e saudosas lembranças. Mas também partem rapidamente. Outras permanecem por muito tempo, anos e anos. Ficam em nós porque guardamos o tom de sua voz, o jeito de falar, de sorrir, de brincar com as mãos quando falam, os abraços dados, as noites passadas contando o que a vida ofereceu de presente ou tirou inesperadamente.

E assim, entre partidas e chegadas, entre sorrisos e lágrimas a vida se faz no dia a dia. Já que não temos morada permanente aqui nesta vida, deixemos as pessoas com palavras amorosas pois não sabemos se as veremos novamente.

Olhemos para Jesus. Ele amava verdadeiramente seus amigos e, um dia, decidiu ir até a casa de Marta e Maria para estar com elas (Lc 10, 38-42). Imaginemos a alegria deste reencontro fraterno e amigo. Enquanto Marta se ocupava de outros afazeres, Maria não teve dúvidas e rapidamente colocou-se aos pés do mestre para ouvi-lo contar sobre suas andanças pelas cidades e aldeias, anunciando o reino de Deus às multidões que o buscavam por todos os lugares. Não existia nada mais importante para aquela mulher do que estar ali com o mestre, hospedando-o em seu coração para que sua vida se enchesse de luz.

Maria sabia que Jesus não ficaria em sua casa por muito tempo porque partir era inevitável. Sua missão era grande demais, mas ele sabia encontrar tempo para estar com quem amava. Ali, naquele simples lar, queria encontrar um pouco de alívio e simplesmente descansar entre amigos.

Maria escolheu a melhor parte. Compreender a importância do momento presente significa ficar com o melhor, com o essencial. Significa não perder a oportunidade de estar profundamente na presença de quem se deve estar. Quando voltaria a ver Jesus? Não sabia quando reencontraria aquele que enchia seu coração de paz, que encantava a todos com palavras de sabedoria e que a fazia sentir-se tão amada. A oportunidade era única, não se repetiria novamente embora pudessem existir outros momentos como aquele.

Inegavelmente Jesus era diferente de todos os homens. Sabia estar com as pessoas, amava-as como mereciam ser amadas. Ninguém saía de sua presença sem sentir-se tocada por ele. Maria compreendeu aquele momento e permaneceu no melhor lugar: aos pés do amigo.

Quando compreendermos que a vida é uma eterna experiência de partidas e chegadas, nossos encontros se tornarão mais verdadeiros e profundos. Escolheremos a melhor parte e nos sentiremos felizes por deixarmos as pessoas com palavras e sentimentos de amor.


Ir. Deuceli Kwiatkowski

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