Todos certamente já vivemos
experiências em que encontramos o olhar de alguém ou fomos encontrados por um
olhar.
Os anos passam e nossa memória
mantém viva certos olhares. Olhares que não esquecemos jamais.
Com o olhar, podemos transformar
uma pessoa, destruí-la ou reconstruí-la, aniquilá-la ou fazê-la renascer,
restituí-la a si mesma e ao futuro, fazê-la chorar ou consolá-la, exprimir-lhe
raiva ou acolhimento, indiferença ou amor, decepção ou compreensão.
Com um olhar apenas podemos
dizer-lhe o quanto ela é importante para nós ou o quanto ela já não significa
absolutamente mais nada.
Existem olhares que irradiam luz
e nos chamam, outros que espalham gelo e distanciam. Há um olhar que determina
o fim de tudo, outro que dá começo ou recomeço. Há um olhar que recusa, outro
que propõe e espera. Há um olhar que restaura e cura, outro que desconsidera e
descarta.
Com o olhar, exprimimos
disponibilidade ou indisponibilidade, dizemos à pessoa se ela pode ou não contar
conosco, se ela é bem vinda ou não. Há o olhar autoritário que quer estar acima
de todos, essência secreta do poder.
Tantas vezes o precioso presente
que podemos dar às pessoas que convivem conosco é um olhar diferente. Um olhar
cheio de esperança, de afeto e confiança. Um olhar que não condena, mas que
encoraja e as faz seguir adiante, com fé na vida.
Mas de onde nasce esse olhar?
O olhar nasce de nossos sentimentos. O olhar bom ou mau nasce lá onde habita a
bondade ou a maldade.
Jesus atraía multidões e seu
olhar era penetrante e luminoso, pleno de amor e compaixão, misericordioso e
bondoso. Ninguém que tivesse sido encontrado pelo olhar de Cristo poderia
esquecê-lo. Jesus, mestre da interioridade, dá atenção ao coração e não à
imagem. Ele insiste para que tenhamos nosso mundo interior em ordem e habitado
pela luz, aquele mundo de onde saem as ações boas ou más.
“A lâmpada do corpo é o teu olho.
Se teu olho estiver são, todo o teu corpo ficará também iluminado; mas se ele
for mau, teu corpo ficará escuro. Por isso, vê bem se a luz que há em ti não é
treva”. (Lc 11,34-36)
Cuidemos de nosso interior e
entremos na mesma visão de Jesus para que nosso olhar não se desvie da verdade
e já não possamos olhar nos olhos daqueles que precisam de nosso olhar para continuar
a caminhada da vida.
Ir. Deuceli Kwiatkowski
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