sábado, 30 de março de 2013

A dor do outro dói em mim...


Há poucos dias encontrei uma criança que não tinha mais do que sete anos de idade.

Pequena, magrinha, de olhos tristes, assustada, com medo e sem forças. Quase não falava. Fazia apenas movimentos com a cabeça. Era a forma de dizer sim ou não.

Era uma menina como tantas outras. O que importavam seus sonhos, desejos, vontades se naquele momento o que mais precisava era de algo para matar sua fome? Deixavam de existir. Manter-se viva era seu maior desejo naquele dia que estava apenas começando. Era a dura e persistente batalha pela vida que iniciava em cada novo dia... seu maior sonho? Continuar viva... nada mais do que isso!

Senti-me envergonhada... este era o mundo que teria que enfrentar como uma pequena guerreira lutando pelo direito de viver.

Por que precisa ser assim? Por que a fraternidade ainda é apenas uma utopia no coração da grande maioria de homens e mulheres espalhados pelo mundo afora?

 “A dor do outro dói em mim!” Como não senti-la? Como permanecer insensível à dor? A realidade é dura demais e nossos olhos parecem não acreditar no que veem. A fome dói! A injustiça dói! A miséria dói!

“O contato com a dor do outro nos torna mais humanos, mais sensíveis, capazes de compaixão. É a paixão do mundo! É a via-sacra dos homens que caminham para Deus”.

Inevitavelmente a realidade nos cala, nos deixa sem palavras, nos comove profundamente e nos faz pensar na insensatez humana que gasta milhões em armamentos para fazer a guerra e depois sepultar milhares de pessoas e não investe no combate à fome no mundo.

Esta é a porção de sofrimento que toca o mundo. É a realidade da existência humana que troca vidas que “não valem nada”, por armas, domínio, ganância. É a soberania do poder sobre a vida humana, tão marginalizada desde a sua concepção. O que vale um ser humano? Eis a questão... “Se Deus não existe, tudo é permitido” Dostoiévski.

Não permitamos que em nossos dias nos falte o amor, a misericórdia, a compaixão. Se ainda nos falta a coragem de viver com coerência aquilo que acreditamos, tenhamos ao menos a sensibilidade de não desviarmos o olhar da realidade. Quem sabe um dia, tocados pela compaixão, possamos olhar sem preconceitos e realizar algo de bom na vida de alguém que precisa da gratuidade de nosso amor. Onde houver um ser humano sempre haverá possibilidade de realizarmos o bem.

Ir. Deuceli kwiatkowski

Nenhum comentário:

Postar um comentário