Interessante é perceber que a evolução humana se dá no contato com o outro. Mas
para que isso aconteça é preciso construir memória formada a partir da
repetição. A criança precisa repetir para assimilar. Quantas vezes repetimos às
nossas crianças as mesmas palavras? “Estude!
Não veja televisão tão de perto. Coloque um agasalho! Respeite seus avós. Seja
um bom aluno!” etc, etc.
A repetição é necessária para o aprendizado, para a assimilação, para a
compreensão, para a internalização. Não ter memória significa não reter
conhecimento. E se não apreendermos, não há evolução. Seria como se cada ser humano
voltasse à “estaca zero” sempre. Se
não tivermos um conhecimento anterior, não seremos capazes de discernir entre o
bem e o mal. Dessa forma, perderemos a consciência, voltaremos à ingenuidade,
não infantil, mas ignorante.
Para educarmos um povo é preciso construir sua memória. Memória para
cultivarmos valores éticos, humanos, cristãos que devem ser transmitidos às
crianças e jovens e insistentemente relembrados aos adultos. Infelizmente
esquecemos tão facilmente aquilo que exige mais de nós.
Mas o que é ser ético? É saber
respeitar o outro. E o que é um valor? É
algo que deve ter um conceito social. É preciso que o grupo o reconheça como
tal. Quando se tem uma nota de 100 reais, por exemplo, não importa se está
velha ou nova, amassada ou não, o seu valor será o mesmo. Da mesma maneira, o
pudor, a bondade, a ética, a verdade, a dignidade e a honestidade são
considerados bons valores e devem ser reconhecidos por todo um grupo da mesma
forma e não só por parte deste grupo. O valor é para todos.
É possível que a solidariedade, a justiça, a dignidade, a lealdade, a
generosidade e o respeito sejam valores ruins, ultrapassados, que não servem
mais para os dias de hoje? Existem momentos em que devemos ser bons e outros em
que devemos ser maus? Um valor não pode perder-se, não pode ser alterado, pois
a essência de “ser valor” é a identidade com aquilo que ele é. Não há mudança. Um
valor será valor sempre.
Dar valor é conhecer a verdade, entender as diferenças, discernir o bem
e o mal, valorizar o que é útil para todos: a liberdade e a felicidade. O
conhecimento da verdade tem que ser a ferramenta para a liberdade coletiva e
não apenas para alguns.
E isso é exercer a verdadeira felicidade, pois apenas sou feliz quando
abro possibilidade para a felicidade do outro. A minha liberdade ou a minha
felicidade não acaba quando começa a do outro, mas termina quando acaba a do
outro.
Conhecimento é
transmissão. Os mais velhos são o húmus da terra. Eles a fertilizam. Quando
ensinam, lançam sementes para os mais jovens. Vivamos assim!
Ir. Deuceli Kwiatkowski