domingo, 27 de abril de 2014

São João Paulo II... um santo entre nós!

“Os santos são os verdadeiros portadores de luz dentro da história, porque são homens e mulheres de fé, de esperança e caridade”. Papa Bento XVI

Alguns anos já se passaram desde o dia em que ele nos deixou em lágrimas e dor. Sabemos que a vida é assim, ela simplesmente segue o seu curso normal, mas parecíamos ovelhas sem pastor, espalhados em todos os cantos do mundo, tentando encontrar um jeito de nos despedirmos daquele grande homem, cuja vocação maior era o amor pela humanidade. Como continuaríamos sem ele? Como ficaríamos sem ele?

Insondável é o Senhor que tudo sabe! Insondável é o Espírito Santo que conduz tudo! Cremos nesta verdade porque sem sua força e luz, seríamos incapazes de seguir adiante.

Nosso amado João Paulo II partiu, mas, incontestavelmente, ele continua evangelizando o mundo. Como poderíamos recordá-lo? Papa do Rosário, o Papa da Eucaristia, o Papa de Nossa Senhora de Fátima, o Papa da Consagração a Maria, o Papa impulsionador da santidade, o Papa dos movimentos leigos, o Papa da oração, o Papa peregrino, o Papa dos jovens...

Suas palavras continuam vivas! Seu testemunho de amor pelos povos, seu desejo de unidade,  sua alegria e serenidade permanecem admiravelmente no coração de milhões de jovens, crianças e adultos. Sua voz forte e suave parece ressoar em nossos ouvidos, seu sorriso sereno, seus gestos atenciosos e decididos continuam a nos tocar o coração e a alma, suas palavras, cheias de sabedoria e luz, são um tesouro disponível a todos.

Evangelização é testemunho! Quem duvidaria de seu amor por Cristo, pela Igreja, pelos povos do mundo todo? O mundo parou diante daquele que sempre foi ao encontro das pessoas porque era o servo da Palavra. Não anunciava a si mesmo. Era preciso anunciar o Evangelho a todos os povos, conduzi-los à verdade da fé, seguindo o mandato de Cristo: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16,15)

Sua luta pelo bem da humanidade continua animando milhões de pessoas que se unem à verdade do Evangelho de Cristo! Que aqueles que formarão o mundo do futuro não se esqueçam jamais do apelo de João Paulo II, feito a eles durante a Jornada da Juventude de 2000: "Jovens de todos os continentes, não tenham medo de serem os santos do novo milênio!"

João Paulo II tornou-se um incansável construtor de um mundo melhor. Um santo entre nós! Um verdadeiro Apóstolo da paz! Vislumbramos a face de Cristo na sua face! Seu olhar contemplativo era de compaixão, suas palavras fortes e amorosas eram de um pai que cuida de seus filhos, com o olhar da misericórdia. 

Hoje exultamos de alegria pela sua canonização e agora podemos invocá-lo carinhosamente: Papa São João Paulo II, nosso querido papa da paz! Que da eternidade ele interceda por todos nós e continue evangelizando nosso coração para que sejamos fiéis seguidores de Cristo a quem ele serviu por toda a vida como discípulo forte e fiel.



Ir. Deuceli Kwiatkowski

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Semana Santa. Um fim de semana... um amor para sempre!

É quinta-feira... Jesus sabe que é chegada a sua hora, mas Ele não parte sem antes realizar a Celebração do Amor. "Tendo amado os seus... amou-os até o fim". Quanta fidelidade existe nestas palavras! Este é o mistério da presença de um Deus que quis permanecer no caminho dos homens para nos ensinar a nos amar uns aos outros. "Tomai e comei!" Este é o mistério de um Deus que quis colocar-se em nossas mãos: eis o mistério do Amor de nosso Deus que não é para ser entendido, nem contestado, mas aceito e vivido... de joelhos!

Sexta-feira... dia do grande silêncio. O silêncio de um Deus que se deixa calar por nós porque nos ama até a loucura da cruz! "Tudo está consumado!" Diante deste mistério incompreensível só podemos permanecer em silêncio, contemplando-o com seus braços abertos, presos à cruz abraçada com a liberdade que é própria de corações divinos! Caminhemos com Ele e revivamos seu sofrimento e sua dor até o calvário. Uma cruz aceita com o mais puro amor porque sabia que devia cumprir até o final o projeto do Pai: revelar ao mundo o seu AMOR!  Nele encontramos a força para vivermos, na fé, também nossa parcela de dor na via-sacra da humanidade! É uma pequena parcela que nos aproxima dEle e nos faz mais parecidos com Ele.

Sábado... é no silêncio que Deus se revela. Aguardamos ansiosamente o dia da Ressurreição. Peçamos ao Senhor da vida a graça de continuarmos a procurá-lo também na hora da dúvida, quando o sol desaparece e quando o caminho se faz difícil.

Domingo...  é Páscoa novamente! Jesus ressuscita e nos dá a sua paz para que vivamos no amor. Ele nos deixa a certeza de que a “Terra Prometida" existe! Caminhemos nesta direção e façamos de tudo para conquistá-la com uma vida santa. “Ele nos deixou um exemplo a seguir, diz Pedro,... sigamos, portanto, seus passos!" ...eles nos conduzem pelos caminhos de uma vida eterna!

Em nós, que cremos no Cristo, começa um dia de luz... eterno, que nunca se apagará porque é a Páscoa do coração!

Que a revelação de Jesus que nos diz até que ponto Deus se dispõe a nos amar seja para nós a grande possibilidade de sairmos de nosso medo de amar e de sermos amados. É do dom gratuito de Cristo crucificado que jorra a fonte do amor. Bebamos sempre desta fonte e seremos felizes!

Que este tempo pascal nos mantenha sempre na direção do mais puro AMOR! Contemplemos agora o Cristo Vivo e vivamos com Ele e nEle!

Ir. Deuceli Kwiatkowski

Colocar o coração junto ao coração do outro

Ao longo da história sempre existiram homens e mulheres que fugiram da superficialidade das respostas fáceis e buscaram na reflexão profunda, respostas para muitos questionamentos. Foram capazes de olhar para o mundo, para si mesmas, para as pessoas de um jeito diferente tentando descobrir o essencial. Formamos um único organismo e o que toca o outro, me toca sempre. Clarice Lispector dizia: “Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha própria vida”.

Durkheim, citando Weber, fala de um ser humano que se sente num mundo “desencantado”, onde o individualismo chegou ao extremo. Devemos ter cuidado com isso, pois é o desmoronamento da capacidade de vida coletiva que gera a crise ética. Isso ocorre quando não há concordância entre os seres humanos, visto que a expressão ‘cum cor’ é colocar o coração junto. 

Para compreendermos melhor o significado dessa expressão, relembrarei uma historinha que se aplica bem a este conceito de concordar, ou seja ‘colocar o próprio coração junto ao coração do outro’.

Um dia um Mestre perguntou aos seus discípulos:  “Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas? Os discípulos pensaram por alguns momentos e responderam: “Porque perdem a calma, porque se irritam”.“Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado, próxima a você? Não é possível falar-lhe em voz baixa?” – continuou o mestre.

Os discípulos justificaram-se respondendo que, às vezes, as pessoas ficam impacientes, ou porque não se fazem entender, ou porque estão incomodadas com algo, e então gritam para ver se o outro a compreende. Vendo que eles não chegavam ao âmago da questão, o mestre lhes explicou:

As pessoas gritam porque quando elas estão aborrecidas, seus corações se afastam. E para cobrir esta distância precisam gritar para uma escutar a outra. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais alto e forte têm de gritar para serem ouvidas”.

Para fazer-se entender ainda mais, o mestre continuou:  O que sucede quando duas pessoas se enamoram? Elas não gritam, falam suavemente. Por quê? Porque os seus corações estão muito perto. A distância entre eles é pequena. Quanto mais se amam, muitas vezes não precisam nem falar, somente sussurram e ficam mais perto ainda do seu amor. Finalmente, com o amor maduro, seus corações estão unidos, como se fossem um só, e então não necessitam sequer sussurrar, somente se olham e sabem tudo o que se passa dentro do outro”.

“Por isso, quando discutirem, não deixem que os seus corações se afastem, não digam palavras duras e cruéis que os distanciem ainda mais, pois senão chegará o dia em que a distância será tanta que vocês não encontrarão mais o caminho de volta”.

Muitas vezes, nossa sociedade busca esta distância. A violência segrega os seres humanos, rompendo os laços afetivos, criando o medo entre iguais, aumentando as diferenças, atiçando os nossos instintos mais selvagens, gerando a competição, distanciando-nos da transcendência, da busca pelo sublime. Ceder a estes instintos é fácil, pois são sensações primárias. E se a violência for glorificada, a decorrência será a falta de sentido de vida ou ela mesma, a violência, tornar-se-á o sentido. A falta de sentido levará à incivilidade e à violência e os corações não mais se encontrarão em gestos de fraternidade e humanidade. Não permitamos a distância!



Ir. Deuceli Kwiatkowski