sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O "Sim de Maria ao plano de Deus" na fuga para o Egito.

Quem foi Maria?
Uma jovem escolhida por Deus desde toda a eternidade.
Quem foi Maria?
Uma jovem que respondeu Sim ao chamado de Deus.
Quem foi Maria?
Uma jovem pensada por Deus para ser a Mãe de seu filho Jesus e mãe de todos nós!

Bênção de Deus não sermos órfãos e termos uma mãe em quem podemos confiar!

Entre tantas viagens empreendidas por Maria, a “fuga da sagrada família para o Egito” (Mt 2,13-23), foi também uma viagem difícil, dura, iniciada às pressas para um país estranho, longe dos parentes, longe da Pátria, numa terra pagã, sem segurança alguma, em meio ao deserto.

Visivelmente era uma realidade de sofrimento, dor, tribulação, angústia vivida por Maria e José. Uma realidade que toca a todos nós! Não dá para fugir! O contato com a dor do outro me lembra que também sou humano porque o sofrimento é um destino inevitável, é fruto do processo que nos torna humanos. Se somos seres humanos, passaremos pela dor, faz parte! Não há outro caminho! Maiores ou menores, sempre teremos tribulações, sofrimentos, dificuldades. O grande desafio é saber identificar o sofrimento que vale a pena ser sofrido. Tantas vezes sofremos por besteiras e, por tão pouco, gastamos muitas energias com sofrimentos inúteis.

Esta viagem já tinha sido iniciada quando José e Maria partiram de Nazaré e foram a Belém por ocasião do recenseamento, nascimento de Jesus e agora para o Egito. Quanto tempo ficariam lá? O tempo necessário para que o Menino Jesus estivesse em segurança.

Nesta longa caminhada que durou muitos dias de viagem, pensemos nos desconfortos, nas carências materiais! Um bebê estava com eles, era recém-nascido e exigia muitos cuidados! O que comer, onde dormir, como lidar com o calor, com o frio?  Diz um autor que Se nas caminhadas empreendidas, Maria teve os pés fustigados pelo solo pedregoso, a caminho do Calvário era o seu coração que sangrava. Aos pés da cruz, (Jo 19, 25) cumpria o doloroso momento que lhe coube no Plano da Salvação, testemunhando o sacrifício do Filho Jesus Cristo, o Redentor dos homens”.  Não sabemos detalhes de como foi aquela dura viagem, mas sabemos que cada passo foi marcado pela confiança nas palavras do anjo a José. “Pega o menino e a mãe e vão para o Egito porque Herodes quer matá-lo”. Maria não questionou José, mas acolheu sua palavra como palavra do próprio Deus e pôs-se imediatamente a caminho; era necessário trilhar o caminho da confiança e da fé!

Fugir para salvar! Jesus estava em perigo! Tinha acabado de nascer e, desde tão pequeno, foi perseguido pelo orgulho, prepotência e ambição dos poderosos, por aqueles que não compreenderam que seu reino era um reino diferente, um Reino que nos ensinaria a chamar a Deus de Pai e a todos os outros de irmãos.

Maria, mulher que sofreu os golpes terríveis da vida, sentiu a dor daquelas mulheres das quais os filhos foram arrancados de seus braços com tamanha crueldade e mortos por causa do poder, do ódio, da ambição de Herodes.

Olhemos sempre para esta grande mulher: Maria! Ela sofreu com a coragem daqueles que têm fé! Era um sofrimento real, verdadeiro... a vida de Jesus estava em risco! Maria sofreu com a coragem daqueles que não ficam lamentando, choramingando, reclamando a própria sorte. Maria sofreu do jeito certo, do jeito que Deus quer, com fé, coragem, entrega à vontade de Deus! Olhemos para ela para aprendermos como viver e como sofrer, nem mais, nem menos, somente aquilo que Deus nos pede. Quando o Senhor nos pedir algo, tenhamos a coragem de responder-lhe com firmeza o nosso SIM! Ele não abandona quem a ele se confia, diz o salmista.

Como suportar tantas dores? Como permanecer de pé e firmes na fé quando as provações chegarem? Olhemos para Maria – mulher de fé! A fé é a certeza de uma grande Presença! Que presença é essa capaz de sustentar a vida, as decisões, as opções, as escolhas, dar força, coragem, determinação, serenidade? Maria viveu envolvida por uma Presença que a fazia meditar tudo em seu coração. Ela descobria no sofrimento, também um plano da vontade de Deus! Por isso, o percurso da fé é a confiança, a entrega, o abandono!

Mesmo que a tempestade seja densa na minha vida, mesmo que a noite fique escura, esta misteriosa Presença está perto! Está em mim! Eu sei em quem coloquei a minha confiança! disse Paulo.

Quanta confiança! Quanta coragem! Quanta fé Maria precisou ter para sustentar a esperança da humanidade! Do seu Sim, nasceu o Messias! Esta era a esperança maior, a promessa aguardada pelos povos em busca de libertação e paz.

Viver na fé não foi fácil para Maria e José! Ao dar o seu sim ao plano de Salvação, Maria aceitou um grande desafio: caminhar sem saber o que iria acontecer. De um sim maior, vieram todos os outros sins porque Deus foi se revelando, aos poucos, e Maria, entregue à vontade de Deus, deixou-se conduzir na confiança.

Maria! Quem é esta mulher que nos atrai tanto, nos deixa extasiados com tamanha força interior e não se cansa de levar seus filhos a Jesus?

Papa Francisco na sua Exortação Apostólica – Evangelii Gaudium - A Alegria do Evangelho – nos fala sobre Maria com especial predileção: “Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai. É a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida... É aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas. Como mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça. Ela é a missionária que se aproxima de nós, para nos acompanhar ao longo da vida, abrindo os corações à fé com o seu afeto materno. Como uma verdadeira Mãe, caminha conosco, luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus”.

São Francisco de Sales, admirável nas suas comparações, referindo-se à vara de Moisés, que se transformava em serpente quando no chão e voltava a ser vara na mão de Moisés, escreveu:

“Se olhais para a terra, a vara, de que se serviu Moisés diante do faraó, é terrível serpente, mas, se a vedes na mão de Moisés, é uma varinha com a qual ele opera prodígios. São assim as tribulações. Consideradas em si, na verdade, são horríveis e intoleráveis; consideradas na mão de Deus, são amáveis e deliciosas”. Nas mãos de Moisés, a vara não fez tantos prodígios? Acostumemo-nos a olhar as adversidades com mais espírito de fé, nunca isoladas, separadas da Mão de Deus. Na mão de Deus, a vara das tribulações é vara e nada mais. Não assusta, e é capaz de abrir o rochedo de nossos corações para fazer brotar neles fontes de graças e lágrimas suaves e redentoras da contrição. Fora nos deixa amedrontados porque é a serpente venenosa.

Que o Senhor não permita que nós consideremos os nossos sofrimentos deste mundo fora das suas mãos. Que o Senhor nos livre da serpente venenosa e que os nossos sofrimentos estejam em suas mãos.

Papa Francisco diz: “A dor não é uma virtude em si mesma, mas pode ser virtuoso o modo como é assumida. Nossa vocação é a plenitude e a felicidade, e, nessa busca, a dor é um limite. Por isso, entendemos em plenitude o sentido da dor por meio da dor de Deus feito homem”.

O que aconteceria se Deus não tivesse assumido a forma humana, ou seja, se Deus não tivesse vindo ao mundo dar sentido ao nosso caminho? À nossa existência? À nossa dor? Às nossas viagens?

“Por isso, o segredo passa por entender o sofrimento como semente de ressurreição. Toda tentativa de superar a dor dará resultados parciais se não for fundamentada na transcendência. É um dom de Deus poder entender e viver a dor em plenitude. Mais ainda: viver em plenitude é um presente”, afirma Papa Francisco.

À jovem Bernadete, em Lourdes, Nossa Senhora disse: “Não te prometo felicidade aqui na terra, mas a felicidade no céu!”


Ir. Deuceli Kwiatkowski