segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Nunca mais... é muito tempo!



A trajetória da vida humana é marcada pela inexplicável experiência da alegria e da dor, das conquistas e dos desafios, dos silêncios e das incompreensões, das tragédias e das ausências que ela produz.

Nunca mais... é muito tempo! disse alguém no auge de sua dor. Um grito que saiu da alma e não se cala mais. Talvez o tempo se encarregue de amenizar o vazio deixado, mas a vida nunca mais será a mesma depois da partida inesperada e dolorosa de alguém que estava em nossa vida.
Fere-nos a dor da ausência que jamais será preenchida porque já não se pode ver mais, porque já não se pode tocar mais, porque já não se pode sentir mais, porque já não existe mais.
E a dor torna-se parte dos dias que parecem não ter fim, das lembranças em cada detalhe, das perguntas inférteis que não produzem nada, dos sonhos interrompidos da vida por viver.
A ausência definitiva machuca, fere, comove, transforma-se em lágrimas, dói demais. A dor nos torna tão parecidos porque nos une a todos num mesmo sentimento. Só quem já sofreu, sabe o que significa a dor. Só quem já sofreu, sabe que é preciso, em algum momento, voltar a fazer novamente amizade com a vida, abrir-se serenamente a ela para não sepultar o que ainda resta e para que um dia alguém não pergunte: por que não suportou a dor por mim que ainda estou ao seu lado e preciso tanto de você, de seu amor, de sua força, de seu sorriso?
O sofrimento pode nos tirar muitas coisas, pode nos deixar dilacerados e acabrunhados pela dor, mas não poderá nunca nos tirar a capacidade de decidir seguir em frente, de voltar a caminhar com coragem, de amar aqueles que ainda estão ao nosso lado, de renovar a fé na vida.
Por vezes, a dor da ausência é maior do que nós e será necessário encontrar um lugar para ficar. Rendamo-nos, neste momento, e coloquemo-nos no colo de Deus, como crianças necessitadas de amor, de consolo, de paz.
Só Deus pode nos devolver a serenidade. Só Ele pode entender a nossa dor. Só Ele pode consolar nosso coração. Só nEle encontraremos a força para suportar a pesada cruz. Só Ele pode transformar a dor em ressurreição.
O mundo sofre! Em algum lugar de dor alguém chora, alguém pensa em desistir, alguém precisa da minha oração. Rezemos pela humanidade que sofre e confiemos que o Senhor estará sempre ao nosso lado, ajudando-nos a ultrapassar a via dolorosa.
          Ir. Deuceli Kwiatkowski

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Só Tu tens palavras que explicam a vida!

Cada novo dia é uma grande aventura que nos reserva muitas surpresas porque não sabemos o que irá acontecer, quem iremos encontrar, as notícias que vamos ouvir, boas ou trágicas, alegres ou tristes... e, no fundo, é bom que seja assim. Não poder tudo, mudar os planos, adiar decisões, tudo isso nos coloca na nossa real condição de seres humanos, imperfeitos, frágeis, dependentes. É a vida que caminha pela fé...

Assim também aconteceu com os seguidores de Jesus. Desejosos de ouvi-lo falar, porque ninguém jamais falou como este homem, corriam atrás dEle em todos os lugares, enfrentando dificuldades, calor e distâncias. Nada os fazia desistir. E, Jesus, vendo aquela multidão com fome, cansada, deu-lhes de comer e todos ficaram saciados. Empolgados, querem fazê-lo rei. Jesus então foge. No dia seguinte, a multidão vai à Sinagoga para encontrar Jesus. E, de fato, Ele estava lá.

Jesus vendo aquela multidão, que o procurava por motivo errado começa a dizer: “Vós me procurais porque eu vos saciei com pão. Eu vos darei a minha carne para comer, o meu sangue para beber” (JO 6,1-15). Dizendo isto, todos ficaram escandalizados porque não entendiam o que Jesus estava revelando. “Em verdade, em verdade vos digo, quem não come a minha carne e não bebe o meu sangue não terá a vida em si mesmo”. Então o murmúrio tornou-se mais forte e todos foram abandonando o Mestre, porque diziam que Ele estava louco.

Depois de um grande silêncio, Jesus dirige-se aos Apóstolos e diz: “Vocês também querem ir embora?” Então Pedro, com a impetuosidade de sempre, diz: “Mestre, também nós não compreendemos aquilo que tu dizes, mas indo embora, aonde iremos? Só tu tens palavras que explicam a vida (JO, 6,60-69). É impossível encontrar alguém como tu. Se eu não devo acreditar em ti, eu não posso mais acreditar nos meus olhos, não posso mais acreditar em nada”.

Isso é maravilhoso! E, nós, a quem iremos? A quem buscamos no nosso dia a dia? A quem confiamos nossa vida, nossas decisões, nossas famílias? Nossa experiência de fé já vivida me tornou uma pessoa melhor, mais amadurecida, capaz de ter convicções, de criar raízes profundas, de aprimorar meu jeito de amar, de perdoar, de doar-se?

A fé nasce de um encontro com Cristo e nesse encontro nasce a certeza: “Sei em quem acreditei! (2Tm 2,12). Nada no mundo vai me fazer desistir porque “Tudo posso naquele que me fortalece!” (Fl 4,13).

Ir. Deuceli Kwiatkowski
Religiosa Marcelina – Rio de Janeiro