sábado, 29 de setembro de 2012

Estamos nos esquecendo...

Vivemos num tempo em que temos ao nosso alcance um número ilimitado de possibilidades de conexão, de acessos rápidos e facilidades que tornam a vida mais ágil, agradável, menos difícil.

É um mundo incrível que se abre à nossa frente e nos proporciona tantas coisas que, até tão pouco tempo atrás, eram inimagináveis.

Certo é que vivemos uma verdadeira revolução de invenções, de ideias, de criações que, indiscutivelmente, nos trazem mais conforto e bem-estar. Isso tudo é bom, não se pode negar!

Porém, vivemos em um mundo em que corremos um grande risco: começamos a nos acostumar com as coisas, com as pessoas, com a vida. Perdemos o encanto! Tratamos tudo como se fosse normal e tornamo-nos indiferentes!

Acostumamo-nos a ouvir as notícias sobre as guerras e os mortos que ela produz. Acostumamos a ficar em nosso mundo, lamentando nossos problemas. Acostumamos a levantar correndo pela manhã porque estamos atrasados. Acostumamos a não dar atenção às pessoas porque estamos sempre ocupados. Acostumamos a fazer diariamente as mesmas coisas como se fosse um peso. Acostumamos a receber as pessoas sem verdadeiramente estarmos com elas.

Na verdade, estamos acostumados a coisas demais e nos tornamos insensíveis. Não percebemos o canto dos pássaros, não nos alegramos com as vozes das crianças, deixamos de ouvir o silêncio. Estamos nos esquecendo de simplesmente olhar para o sol, contemplar as estrelas, admirar as flores nos jardins e as folhas que caem. Estamos nos esquecendo de falar de coisas boas que alimentem a esperança. Estamos nos esquecendo de olhar para os olhos das pessoas e de gravar no coração a voz e os gestos de quem amamos porque, um dia, não as teremos mais. 

Estamos nos esquecendo que somos filhos de Deus, criados para o amor, para a fraternidade, para a solidariedade. Estamos nos esquecendo de ser humanos, de sentir, viver e amar. Estamos nos esquecendo de ser filhos leais, irmãos de verdade, amigos presentes. Estamos nos esquecendo que devemos ser construtores da paz, defensores da vida, amantes do bem. Estamos nos esquecendo que os valores humanos e cristãos são inegociáveis, custe o que custar.

Estamos nos esquecendo que a vida é única! Cada seu humano é único! Cada manhã de nossa vida é diferente! Observemos a dinâmica da vida e não nos acomodemos. Pode ser perigoso. Cultivemos a alegria de viver!

Ir. Deuceli Kwiatkowski





quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ambição do Amor!

“Jesus passou seus dias neste mundo levando o pão da verdade que alimenta a mente, o pão do amor que impulsiona o coração, o pão da Graça que salva e dá sentido à vida”.

Durante três anos os discípulos conviveram com o Mestre de Nazaré de quem ouviram as mais belas e fascinantes lições que mudariam para sempre suas vidas.

Incansavelmente Jesus dedicava-lhes seu tempo e falava-lhes com paciência, mansidão e simplicidade sobre coisas que jamais teriam pensado antes de conhecer aquele que ensinava com autoridade e amor.

Aqueles homens simples que não faziam nada de extraordinário não compreendiam tudo o que Jesus dizia e, às vezes, tinham medo de perguntar o que não sabiam.

Um dia, ao chegar em casa depois de uma longa jornada, Jesus chamou-os, sentou-se próximo a eles e lhes perguntou o que discutiam pelo caminho. Eles ficaram calados,  envergonhados porque discutiam quem seria o maior. Jesus ouviu-os e não ficou indignado com aqueles pobres homens que tão pouco sabiam da missão do Mestre. Ele ouviu muito mais os corações do que os lábios.

Sabeis o que pedis? E lhes ensinou o caminho da grandeza jamais imaginado por eles. “O Filho do homem veio para servir e não para ser servido. Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos” (Mc 9,35).

Sem dúvida, todos ficaram perplexos com a resposta de Jesus porque contrariava tudo aquilo que tinham em seus corações mesquinhos e desejosos de grandezas humanas. Certamente jamais  esqueceram aquele olhar e a firmeza daquelas palavras porque nunca ninguém ousou falar como Ele. A lógica proposta por Jesus é contrária à lógica do mundo: maior é aquele que serve, aquele que ama.

A verdade que a mente busca, a bondade que o coração pede, a beleza que a vontade deseja, a saúde que sustenta o corpo, a imortalidade que a alma carrega, foram sempre conteúdos ensinados e vivenciados pelo Mestre de Nazaré.

Jesus queria que seus discípulos fossem ambiciosos. Queria que se tornassem grandes e que fossem os primeiros. Mas ele lhes propôs uma ambição muito mais ousada que qualquer outra. Queria que, em seus corações, estivesse sempre presente a maior de todas as ambições, a ambição do Amor!

Um amor que não precisa encontrar motivos para perdoar porque entende que errar é humano; um amor que se sacrifica pelo outro até a renúncia da própria vida, do próprio tempo, dos próprios gostos e desejos; um amor que vai além das aparências porque entende que ali há um ser humano que precisa apenas ser amado, cuidado e respeitado; um amor que aceita estender as mãos para ajudar alguém a se levantar e pôr-se a caminho, sem condenar.

O amor e a força, a ternura e a firmeza, a humildade e o poder estavam em perfeito equilíbrio em Jesus. Aceitemos sua proposta e sejamos ambiciosos no amor que gera fraternidade, doação alegre, serviço gratuito, paz duradoura.

Ir. Deuceli Kwiatkowski

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Redescobrir a Palavra!

Os encontros com Jesus produzem sempre uma mudança qualitativa naqueles que são encontrados!                 Pe. Álvaro Barreiro

Milhões de pessoas pelo mundo afora e em todos os tempos já foram encontrados pelo olhar amoroso e misericordioso de um Deus que se fez um de nós porque quis nos encontrar também na forma humana e nos deixar seus gestos, seu amor, seus ensinamentos, suas palavras cheias de sabedoria e vida.

Quando fazemos o encontro verdadeiro com Deus, fazemos também o encontro com a sua Palavra! Uma palavra que é diferente de todas as outras. Ela permanece em nós e nos alimenta porque não é palavra humana, mas palavra que tem a força de nos mover interiormente e nos fazer ver coisas que normalmente não veríamos na vida comum.

Inegavelmente, a palavra de Deus é fonte de luz! É preciso tê-la nas mãos, mas ancorada no coração. Se estamos na dúvida, com medo, a palavra nos diz: “Tende confiança. Sou eu. Não tenhais medo” (Mt 14,27). Se estamos caídos no abismo do pecado e sem forças, ela nos inspira a gritar bem alto: “Senhor, salva-me!” (Mt 14,30) Se estamos morrendo de sede ou bebendo em cisternas de água parada, ela nos impele a dizer: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede!” (Jo 4,15). Se queremos um caminho seguro, o próprio Cristo diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida!” Se amamos a paz, a palavra nos diz: “Bem-aventurados os construtores da paz, porque serão chamados filhos de Deus”(Mt 5,9). Se queremos viver na vontade de Deus, a mãe nos ensina: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Se estamos cansados, com problemas, desanimados, Cristo fala ao coração: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e Eu vos aliviarei”(Mt 11,28).

Que outra palavra tem o poder de curar, de libertar, de acalentar, de transformar, de animar, de iluminar a nossa vida? Deixemos que a palavra de Deus invada o mais íntimo de nós para que, mesmo nos momentos mais difíceis da nossa vida, nas horas escuras e nas tempestades, nos momentos de solidão e de medo, seja possível ouvir o seu eco no fundo do nosso coração.

Assim fez Chiara Luce, amou a palavra! Ela nos diz:“Preciso redescobrir o Evangelho! Não posso e não quero permanecer analfabeta de uma mensagem extraordinária. Eu devo falar de Jesus com a minha vida. Já muito doente e debilitada, pouco tempo antes de morrer disse: Hoje não tenho mais nada, porém, ainda tenho um coração e com ele posso amar.

Que possamos, em cada dia, ler a palavra de Deus com novos olhos para que o coração não resseque e morra. Que ela seja para nós uma novidade contínua, uma fonte viva onde podemos beber água pura sempre que desejarmos. Não morramos de sede! A fonte está tão próxima de nós!

Somente corações sedentos da palavra de Deus e da sua justiça poderão encontrar os caminhos para saciar plenamente a fome de todos os homens.


Ir. Deuceli Kwiatkowski